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Colunistas Desligamento

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(Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Senhor Presidente Alckmim,

Comunico a V.S. o meu desligamento do PSDB – Partido da Social Democracia Brasileira, partido que ajudei a fundar em 1988, (o senhor também estava lá), e no qual participei de memoráveis campanhas em prol de um Brasil melhor.

Conduziu-me a esta decisão a experiência de me apresentar como pré-candidato ao Senado desde 2017, fato que abriu minha mente para o que não queria acreditar: uma sequência de acontecimentos que apontam para o fim do partido e a inutilidade de continuar a tentar a construção de uma nova sociedade mais justa, com este instrumento politico pervertido. Hoje somos um partido igual aos outros, um mero balcão de negócios para registrar candidaturas e distribuir parcelas do fundo partidário.

Nas próximas eleições elegeremos alguns, mais pelos esforços dos candidatos do que pela motivação de uma ideologia revolucionária.

O PSDB traiu a social democracia. Mesquinhos interesses pessoais afloraram e foram tomando conta do partido, jogando para um canto, de forma desrespeitosa e irresponsável, a doutrina socialista motivadora de ações, os testemunhos dos fundadores e os documentos primeiros da agremiação. A justiça social, a liberdade, o mercado socialmente regulado, a primazia do bem comum com a redenção do povo marginalizado, que sempre foram e sempre serão os objetivos maiores da social democracia, foram esquecidos.

O Brasil está destroçado – vivemos uma guerra civil. O PSDB, nesta quadra da história, único movimento popular que poderia conduzir a bandeira da verdadeira redenção econômica e social, eficaz e democrática, se perdeu cultivando as meias verdades esquecendo-se de propagar com veemência suas premissas morais e políticas, complacente que se tornou com o mal ao não expulsar, por exemplo, os corruptos tucanos da comunidade de militantes honestos e mantendo apoio ao ignóbil atual governo. Recuso-me continuar a participar deste arremedo de honesta politica.

O que se está presenciando no meu Estado é a ação autoritária de um pequeno grupo que decide isolado, sem consultar as bases partidárias do interior que, por sua vez, não protestam para não desagradar e perder as bênçãos da direção regional. O referido grupo segue acertando coligações eleitoreiras espúrias, com partidos ridículos que não têm nenhuma proximidade ideológica com a social democracia, cedendo desavergonhadamente o cargo de vice-governador e as duas vagas para o Senado, sem autoridade moral e sem outra justificativa que não o simples conluio para garantir escassíssimos e duvidosos dividendos políticos, traindo as nossas premissas ideológicas. Coligações honestas são feitas em torno de princípios doutrinários e programáticos e não para a obtenção de alguns segundos nas rádios e televisões na propaganda eleitoral. Nacionalmente também se repete esta condenável situação.

Temos a obrigação ética de esclarecer o eleitorado sobre o que faremos e como atuaremos ao chegar ao poder: – a exigência do equilíbrio das finanças públicas, a prioridade absoluta para a educação e a saúde de qualidade, a segurança eficaz, o meio ambiente protegido e a geração de empregos, com um fiscalizado programa de privatizações, a nível estadual e federal, de tudo o que não for função típica do Estado.

A situação social é de tal gravidade, com os problemas já postos para serem enfrentados com competência, sem a necessidade de grandes estudos. A palavra de ordem, única, deveria ser a proclamação de grandes ações e prioridades politicas a serem levadas á frente pela cidadania – a mais importante missão do PSDB. As prioridades são evidentes – é preciso atendê-las para que possamos sobreviver como nação num renovado pacto politico nacional, que explique ao povo que não há recursos para se fazer tudo o que é necessário. Há, sim, a obrigação moral, visando à paz, de o partido alertar para os sacrifícios que de todos serão exigidos e os anos necessários para a recuperação social e econômica do Brasil, tal o grau de degradação a que os estados e o país chegaram – esta atitude honesta é o nosso diferencial, mas o PSDB se omite.

Não devo continuar a participar de um partido que não prestigia sua militância autentica que quer se candidatar, como está acontecendo aqui no Rio Grande do Sul. Não me deixaram falar, me fazer conhecido ao não divulgaram minhas várias proclamações pelos meios de comunicação do partido. As lideranças estaduais desconheceram e não responderam aos meus insistentes manifestos. O Presidente do partido, no Estado, me atendeu uma vez e disse que não me apoiaria, nem citaria meu nome e pretensão, pois prejudicaria as negociações em andamento. Com a grotesca coligação realizada, (lembremo-nos que a convenção é a instância soberana para decidir, segundo o art. 77 dos estatutos), até os pré-candidatos de fora do partido já estão escolhidos e apontados. A convenção está manipulada, os pré-candidatos abençoados pelos dirigentes estão mobilizados para fazer com que seja aprovado o que for apresentado pela executiva. É um escarnio para com o processo democrático, um deboche para com o passado do PSDB. O Brasil não suporta mais estas “espertezas” e eu não admito tal procedimento.

É bem provável que a mesquinhez e a pouca amplitude intelectual de alguns, me acusem de exagero e de injustiça para com partido, uma reação emocional por não ter atingido meu objetivo de ser reconhecido como candidato ao Senado – não vou perder tempo com tais críticas bobas. Aos que lerem esta carta, peço que reflitam sobre o que afirmo. O Brasil caminha sobre o fio da navalha e as próximas eleições, como nunca, definirão o nosso futuro por décadas.

Só, coerente, cheguei ao limite da minha legitima postulação.

Certamente a poesia diz com melhor clareza e concisão o que sinto neste fim de longa caminhada política, na qual não encontro mais alegria nem estimulo para prosseguir: “não poderia amá-la tanto se mais amor à honra não tivesse”.

Peço senhor Presidente Alckmim, a divulgação desta carta de analise politica e de despedida. Vou encaminhá-la ao Diretório Estadual e Municipal, e, como puder, ao grande publico. A consciência de responsabilidade política e de respeito às pessoas que me apoiaram, ao povo oprimido a quem, há mais de sessenta anos, dediquei minhas ações publicas, me obrigam a esta ultima atitude de coerência e de contribuição ao debate purificador que se faz necessário.

Agradeço aos companheiros e companheiras, com quem convivi, o compartilhamento de momentos esperançosos de concretização de sonhos e ideais – os melhores instantes da vida das pessoas honestamente comprometidas com a construção de um mundo mais livre, justo e solidário.

Eurico de Andrade Neves Borba

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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