Quarta-feira, 17 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 7 de setembro de 2017
Preso na Operação Lava-Jato desde setembro de 2016, o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antonio Palocci falou como réu ao juiz federal Sérgio Moro nesta quarta-feira, no processo que tem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como acusado de receber 13 milhões de reais em propina da Odebrecht por meio de um apartamento em São Bernardo do Campo (SP) e um imóvel que serviria como sede ao Instituto Lula.
Em cerca de duas horas diante de Moro, Palocci incriminou Lula e afirmou que o petista tinha um “pacto de sangue” com a empreiteira, que teria lhe rendido um “pacote de propinas”. Na oitiva, o ex-ministro reconheceu que negocia um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal.
‘Relação movida a propina’
Ao responder a primeira pergunta formulada por Sérgio Moro, Palocci reconheceu ao magistrado que a denúncia do Ministério Público Federal “procede”, disse ter participado das tratativas de vantagens indevidas nos governos dos ex-presidentes Lula e Dilma e afirmou que a relação entre os governos petistas e a empreiteira era “bastante intensa, movida a vantagens dirigidas à empresa e propinas pagas pela Odebrecht para agentes públicos em forma de doação de campanha, em forma de benefícios pessoais, em forma de caixa um e caixa dois”.
‘Pacto de sangue’
Palocci classificou como “pacto de sangue” o acordo entre o empresário Emílio Odebrecht e Lula, que teria envolvido um “pacote de propinas” ao petista. O acerto teria sido firmado em 2010, no final do mandato do ex-presidente no Palácio do Planalto, em função da “tensão” da Odebrecht com a posse de Dilma Rousseff.
300 milhões
No encontro na residência oficial da presidência da República em Brasília, segundo Palocci, o Lula disse a ele que Emílio Odebrecht lhe prometera, como um dos itens do “pacote”, deixar à sua disposição 300 milhões de reais para “atividades políticas” nos anos seguintes ao fim do mandato presidencial.
Obra do sítio
Como parte do “pacote de propinas” da Odebrecht a Lula, citado por Antonio Palocci a Sérgio Moro, o empresário Emílio Odebrecht teria se comprometido a participar das obras do sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), usado pela família do ex-presidente.
Palestras
O “pacote de propinas” prometido por Emílio Odebrecht a Lula também envolvia, segundo Palocci, “várias palestras” do ex-presidente, “pagas a 200 mil reais, fora impostos, combinadas com a Odebrecht para o próximo ano”.
Uma sede
Palocci declarou a Moro ter sido contrário à compra, pela Odebrecht, de um prédio que serviria como sede do Instituto Lula, outro item do “pacote de propinas” oferecido pela Odebrecht ao ex-presidente.
Marisa Letícia
A desistência do imóvel teria sido concretizada após o aval da ex-primeira-dama Maria Letícia. Convencido por Palocci de que o imóvel poderia render problemas e era um “convite a uma investigação”, Lula teria delegado ao ex-ministro a tarefa de persuadir sua mulher de que o prédio era “inadequado”.
Instituto Lula
Ainda sobre o Instituto Lula, Palocci relatou ao juiz da Lava-Jato ter intercedido junto a Marcelo Odebrecht para cobrir um “buraco” de 4 milhões de reais nas contas da instituição.
Pré-sal
Palocci relatou a Moro que em 2007, antes da descoberta das reservas de petróleo e após a reeleição de Lula, o petista havia manifestado preocupação com a corrupção na Petrobras, especialmente irregularidades nas diretorias de Serviços e de Abastecimento, feudos de PT e PP na estatal.
Obstrução
Por duas vezes em seu depoimento, o ex-ministro falou ao magistrado sobre sua atuação para atrapalhar as investigações da Operação Lava-Jato.