Terça-feira, 19 de março de 2024
Por Redação O Sul | 22 de julho de 2017
A ex-presidente Dilma Rousseff ainda se mostra muito ressentida com a sua saída do governo federal através do impeachment, que em agosto fará um ano do evento político que sacudiu o Brasil pela segunda vez. Ela ainda se pergunta quais os motivos que levaram o Congresso Nacional a impedi-la de governar.
A ex-presidente esteve nesse sábado em João Pessoa, em Paraíba, participando da aula inaugural do Curso de Difusão do Conhecimento em Gestão Pública, promovido pela Fundação Perseu Abramo. Embora a aula fosse sobre gestão pública, a ex-presidente não se furtou em criticar o presidente Michel Temer, o senador Aécio Neves (PSDB) e o ex-deputado federal Eduardo Cunha, aos quais tratou ao longo de sua fala de “golpistas”.
“A discussão que enfrentamos durante todo o ano de 2016 e metade deste ano, era se o impeachment era golpe ou não, que agora saiu do terreno da especulação e está no terreno dos fatos. É inquestionável, hoje que foi dado um golpe. A história vem sendo implacável com os golpistas e a razão estratégica deles era de enquadrar o Brasil economicamente, socialmente e geopoliticamente ao neoliberalismo”, destacou.
Sobre o tema gestão pública, a ex-presidente disse ser fundamental fazer essa discussão para o Brasil de hoje.
“Muitas vezes aparece para nós o fantasma do tecnicismo como se gestão pública não tratasse das grandes questões de um país a exemplo da distribuição desigual de renda e o nosso governo tentou reverter séculos dessa desigualdade. Falar em gestão é discutir recursos e onde eles serão alocados e em que território eles têm a sua prioridade”, lembrou.
Dilma destacou ainda que é impossível hoje, discutir gestão se não ressaltar a gestão de qual governo, em que situação política e condições democrática essa gestão está acontecendo. “Daí fica impossível entrar no terreno da resistência ao golpe”, declarou.
Aumento de impostos
Na sexta-feira, Dilma Rousseff afirmou que o aumento de impostos anunciado pelo presidente Michel Temer prejudica os mais pobres e poupa os mais ricos. Dilma também criticou “colunistas e analistas” que se opuseram à recriação da CPMF no governo da petista e, segundo a ex-presidente, não apresentaram resistência à alta de tributos anunciada por Temer.
As declarações foram feitas em sua conta pessoal no Twitter:
“Receituário do golpe: 1º cortaram gastos públicos a ponto de paralisar o governo; agora, aumentam impostos que pesam no bolso do povo”, disse.
“Vitória do pato: em vez de onerar os mais ricos para salvar o país de sua própria inépcia, aumentam impostos que o povo paga, como a Cide”, afirmou.
“Selvageria do golpe: cortam verbas para escolas, hospitais e remédios, mas evitam impostos sobre grandes fortunas e ganhos de capital”, concluiu a ex-presidente.
O governo Temer anunciou na quinta-feira o aumento do PIS/Cofins sobre os combustíveis. Economistas avaliam que a medida, além de elevar o preço dos combustíveis, pode provocar alta de preços de outros produtos como alimentos.