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Por Redação O Sul | 12 de agosto de 2017
A guerra retórica entre o presidente Donald Trump e a Coreia do Norte sobre as ameaças nucleares do ditador Kim Jong-un vem alimentando o temor de um erro de cálculo, com consequências dramáticas para a Península Coreana e até para a ilha de Guam – o Exército norte-coreano ameaçou lançar quatro mísseis contra o estratégico território norte-americano no oceano Pacífico. Ao longo da semana, Trump endureceu o discurso: na terça-feira, ameaçou com “fogo e fúria” o regime de Kim Jon-un; dois dias depois, disse que talvez a advertência “não tenha sido dura o bastante”. E, na sexta-feira (11), desafiou o líder norte-coreano, dizendo estar com as armas nucleares “engatilhadas e carregadas”.
“Se [Kim] fizer algo com relação a Guam ou qualquer outro lugar que seja um território americano ou um aliado americano, vai se arrepender de verdade, e vai se arrepender rápido”, ameaçou Trump.
As ameaças de duelo levaram a questionamentos dentro e fora dos EUA sobre se Trump tem o temperamento apropriado para controlar o arsenal nuclear norte-americano – e se ele de fato poderia lançar um ataque preventivo.
Na sexta-feira, a Coreia do Norte voltou a rebater as declarações do presidente. “Trump está levando a situação na Península Coreana à beira de uma guerra nuclear”, disse a agência oficial KCNA. A própria Coreia do Norte, porém, também vem fazendo ameaças de ataque.
Para analistas, um disparo norte-coreano na direção de Guam poria Washington em posição difícil: se não interceptá-lo, sua credibilidade seria afetada, e Kim ficaria confiante para um teste de míssil balístico intercontinental de maior envergadura.
“Antes de começarmos a falar sobre opções militares, temos que decidir o que fazer com os cidadãos dos EUA que vivem lá”, diz James Thurman, que serviu como principal comandante dos EUA na Coreia do Sul, de 2011 a 2013.
Bill Richardson, ex-embaixador norte-americano na ONU – e que passou anos tentando evitar uma crise com a Coreia do Norte – adverte que a escalada verbal aumenta o risco de que um pequeno incidente de segurança leve a uma guerra. (AG)