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Por Redação O Sul | 6 de agosto de 2015
A exemplo do governo, o PT tenta se descolar da prisão do ex-ministro José Dirceu. Apesar de dizer que não está abandonando nenhum companheiro, o presidente do partido, Rui Falcão, afirmou que as acusações contra ele são de “caráter pessoal”. A Executiva Nacional do PT decidiu não defender Dirceu, pelo menos, publicamente. Resolução divulgada após o encontro criticou apenas supostos abusos na Operação Lava-Jato, sem citar o ex-ministro, que é um dos fundadores da legenda e um dos seus principais quadros históricos.
No dia 12 de dezembro de 2013, a presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula subiram ao palco do Centro de Convenções Brasil 21, em Brasília, e ouviram da plateia do 5 Congresso Nacional do PT um grito contínuo: “Dirceu, guerreiro do povo brasileiro!”. Vinte oito dias antes, em 15 de novembro, o ex-ministro da Casa Civil no governo Lula havia levantado o punho cerrado – reproduzindo o símbolo do movimento operário internacional contra os exploradores capitalistas – ao subir a rampa da Superintendência da PF (Polícia Federal) em São Paulo, para começar a cumprir pena no caso do mensalão. Agora, com a nova prisão, na Lava-Jato, e a acusação de benefícios pessoais, a solidariedade deu lugar à decepção. Ao entrar no carro que a PF usara para buscá-lo em sua casa, Dirceu adotou, desta vez, postura discreta.
De terno cinza e mais grisalho do que nunca, não olhou para as câmeras, não levantou o braço. Muito menos cerrou o punho. Resultado: em vez do apoio que recebera, há menos de dois anos, no Congresso do PT, ele mobilizou apenas um grupo de manifestantes. (AG)