Quinta-feira, 28 de março de 2024

Porto Alegre

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Futebol Documento da Fifa explica como um país árabe destinou 7 milhões de dólares ao ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira

Compartilhe esta notícia:

Após meses de estudos, avaliações e debates, um grupo de trabalho chamado Football Stakeholders Committee tradou das questões. (Foto: Reprodução/AFP)

As investigações confidenciais conduzidas pela Fifa sobre a compra de votos para a Copa de 2022 no Catar revelam como o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, é suspeito de ter usado um amistoso da seleção para camuflar pagamentos por parte dos árabes para garantir seu voto ao país para receber o Mundial de 2022. Outra suspeita se refere ao fato de ele ter recebido um tratamento de chefe-de-estado por parte do Catar, com custos de acomodação 18 vezes superiores aos que os árabes destinaram a Lionel Messi.  

Os dados fazem parte do informe produzido pelo Michael Garcia, investigador que a Fifa contratou para apurar as suspeitas de ilegalidade há cinco anos. O americano, que hoje é juiz num tribunal de apelação de Nova Iorque, chegou à constatação de que havia indício forte de que o Catar havia comprado os votos para sediar o evento, direito que ele ganhou numa votação no final de 2010.

Seu informe, porém, jamais foi tornado público e, diante da decisão da entidade de engavetar suas descobertas, Garcia pediu demissão em 2014. Poucos foram processados e o Catar jamais perdeu o direito de sediar o torneio. Agora, o jornal alemão Bild teve acesso aos documentos e a Fifa optou por publicar o informe em sua integralidade, com 430 páginas.

Um dos detalhes se refere a como Teixeira fez parte do esquema suspeito de compra de votos. Garcia explicou como uma partida entre Brasil x Argentina realizada no Catar pode ter sido usada como forma de camuflar recursos e precisava ser investigada.

O jogo ocorreu em 17 de novembro de 2010, com a informação original de um pagamento suspeito de US$ 7 milhões (cerca de R$ 23 milhões, na cotação atual), “bem superior às taxas de mercado”. Para os investigadores, a alegação era de que esse dinheiro foi usado para “influenciar os votos dos presidentes do Brasil e Argentina, Teixeira e Julio Grondona”. Ambos votariam na escolha da Fifa, em 2010.

Oficialmente, o Catar alega que o objetivo do jogo era ser um “ensaio geral” para a Copa Asiática de 2011. Outra meta era a de mostrar ao mundo que a população local estava interessada no futebol. “As evidências levantaram questões sobre os objetivos e beneficiários de certos pagamentos”, indicou Garcia, que apontou que jamais conseguiu entrevistar Teixeira sobre as alegações.

O que chama a atenção é a engenharia financeira em uma partida de futebol, organizada pela empresa que detinha parte dos direitos sobre a seleção, a Kentaro.  O pagamento pelos custos do jogo foi feito pela Swiss Mideast Finance Group AG, uma empresa na Suíça de propriedade do conglomerado do Catar, a GSSG. O dinheiro, porém, veio de outra empresa, a SMFG. Os valores, porém, seriam compatíveis com o que se gasta em uma partida.

Num primeiro momento, a Swiss Mideast deu US$ 6,8 milhões (R$ 22,5 milhões) para os custos da partida. Mas, depois, a SMFG pagou mais US$ 8,4 milhões (R$ 27,8 milhões) para a Kentaro garantir a participação do Brasil e Argentina. Mas chamou ainda a atenção dos investigadores um envio pela Kentaro de US$ 2 milhões (R$ 6,6 milhões) para uma empresa em Cingapura. O pagamento chegou até a Business Connexion Services Pte Ltd (“BCS”), de propriedade de um sírio, Wael Ojjeh.

O pagamento e relatos incoerentes sobre como a Kentaro e a SMFG entraram em um acordo para o jogo e o pagamento para Cingapura foram considerados como suspeitos. “Preocupações sobre qual proporção desse dinheiro foi para a Argentina e para o Brasil, sobre os objetivos e beneficiários dos fundos merecem maiores investigações”, sugeriu Garcia, que acusou os contratos de serem “pouco claros”.

A investigação também lembrou que a CBF tinha já acordos com a ISE para a realização de amistosos e que parte do dinheiro ia para Sandro Rosell, amigo de Teixeira. Para aquela partida, a Kentaro enviou para uma conta nas Ilhas Cayman a taxa considerada como “normal” para a CBF participar de um amistoso, com cerca de US$ 1,1 milhão (R$ 3,6 milhões), além do adicional de 345 mil euros (R$ 1,2 milhão) para Rosell.

Para os investigadores, foi o catalão foi peça central na partida e quem teria convencido tanto argentinos como brasileiros a viajar até Doha. A possibilidade de um amistoso fora da Europa era pequena, diante do acordo de cavalheiros que existia entre a CBF e os clubes europeus para que os jogadores brasileiros atuassem apenas no Velho Continente. Mas, com Rosell já presidente do Barcelona, o catalão explicou a um dos organizadores da Kentaro que a partida seria realizada, mesmo fora da Europa. “As vezes, milagres ocorrem”, teria dito. (Jamil Chade/AE)

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Futebol

Um relatório da Fifa detalha a rotina de benesses luxuosas para Ricardo Teixeira com a corrupção no futebol
O papa aceitou a renúncia de um bispo americano por acobertar um caso de abuso sexual
https://www.osul.com.br/documento-da-fifa-explica-como-um-pais-arabe-destinou-7-milhoes-de-dolares-ao-ex-presidente-da-cbf-ricardo-teixeira/ Documento da Fifa explica como um país árabe destinou 7 milhões de dólares ao ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira 2017-06-27
Deixe seu comentário
Pode te interessar