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Por Redação O Sul | 30 de junho de 2017
O desemprego apresentou queda no trimestre terminado em maio, em comparação com período terminado em fevereiro – a taxa saiu de 13,7% para 13,3%. Como disse o coordenador do IBGE, “houve uma desaceleração da desocupação, mas uma forte queda de carteira assinada”. Isso quer dizer que, apesar da queda da taxa, a qualidade do mercado de trabalho segue piorando.
Em um ano, 1,2 milhão de pessoas perdeu emprego com formal. Hoje há no País 33,3 milhões de empregados formais. Há 3 anos, eram 36,7 milhões.
Como estariam sobrevivendo estes milhões de brasileiros sem emprego? Muitos, certamente, foram para informalidade, sub-emprego ou empreenderam – situações que não geram segurança de renda ou mesmo de trabalho.
O desafio de trabalhar por conta própria também não acomodou tanta gente, ao contrário. De um ano para cá, houve perda de cerca de 600 mil trabalhadores desta categoria. A solução que serve para manter alguma renda, mesmo que sem garantias, impõe muitas restrições é uma cultura de competição, disciplina e criatividade que não aparece de um dia para o outro.
O dado do IBGE, mesmo que menos pior do que o anterior, além de escancarar a profundidade da crise, apresenta um outro problema para a recuperação da economia. Com menos vagas formais, a arrecadação de impostos também cai. A deterioração do emprego já era esperada pelo ciclo econômico, que deixa o mercado de trabalho por último na fila da retomada. Mas era também esperada uma recuperação mais forte da atividade, o que poderia gerar maior recolhimento de tributos. Como nem isto está acontecendo, a piora no emprego formal distancia mais a retomada.
Para não ficar preso a essa armadilha, o governo voltou a falar em aumento de impostos – não mais como um discurso ameaçador da equipe econômica, que servia de alerta ao Congresso Nacional para a acelerar as reformas. Já se foram seis meses do ano e está ficando cada vez mais difícil manter o rombo em R$ 139 bilhões – a meta de déficit fiscal para 2017.
O governo tem algumas opções para aumentar a arrecadação sem criar tributo novo ou subir aqueles que incidem direto no consumo. As opções passam por desfazer desonerações anteriores e mexer na Cide, contribuição da gasolina – com a queda recente no preço dos combustíveis, o impacto seria compensado, sem deixar de gerar caixa para os cofres públicos.
Qualquer que seja a escolha da equipe de Henrique Meirelles, o caldo da economia está encruado e dando caroço. O esforço de misturar os ingredientes disponíveis vai ficando cada vez maior. Um PIB positivo ao final do ano vai ficando também mais difícil. A gestão deste momento tão frágil e delicado do país demanda muita responsabilidade e criatividade ao mesmo tempo. Sob o risco de fazer com que os quase 14 milhões de desempregados do país continuem pagando a conta mais cara pelo caos atual.