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| Duas histórias de sem-sem

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Obama em Cuba. A Operação Lava-Jato em Portugal. O que há de comum entre os dois fatos? É o nome dos países. A ilha caribenha e a terra de Camões têm um denominador comum. Ambos rejeitam o artigo. Apesar da intolerância, pintaram manchetes que presentearam as duas nações com baita acento indicador de crase. Nada feito. Xô! Xô! Xô!

Dica

Como saber se o país, o estado, a cidade ou o bairro aceitam o pequenino? É fácil como andar pra frente. Nos tempos em que o professor ensinava e o aluno aprendia, os mestres davam dica pra lá de eficaz. São dois passos. O primeiro: construir uma frase com o verbo ir. O segundo: seguir a orientação do versinho troca-troca. É este: Se, ao voltar, volto da, / Craseio o á. / Se, ao voltar, volto de, / Crasear pra quê?

Com ele, a moçada acertava todas. Por quê? A preposição de indica ausência da preposição. Da, ao contrário, presença. Que tal treinar?

Com crase ou sem crase?

Vou a Cuba.
Volto de Cuba. (Volto de, crase pra quê?)
*
Fui a Portugal.
Volto de Portugal. (Volto de, crase pra quê?)
*
Vamos à Alemanha.
Voltamos da Alemanha. (Volto da, crase no á.)
*
Fomos à Bélgica.
Voltamos da Bélgica. (Voltamos da, crase no á.)
*
Vou a Havana, a Lisboa e a Bruxelas.
Volto de Havana, de Lisboa e de Bruxelas. (Volto de, crase pra quê?)
*
Foram à Cuba dos Castros.
Voltaram da Cuba dos Castros. (Voltamos da, crase no á.)

Sem pedigree

Fidel e Raúl mandam em Cuba há mais de meio século. A visita de Obama trouxe-os ao cartaz. Pintou, então velha questão. Eles são os irmãos Castro ou os irmãos Castros? Olho vivo! Nome próprio não goza de privilégios. Tem plural como os substantivos comuns. Eça de Queirós serve de prova. O mestre português escreveu Os Maias. Exceção? Só quando o plural descaracteriza o nome. É o caso de Cal. O plural Cales não tem parentesco com o original. Fora!

É assim

Bem-vindo, Obama! Bem-vindo se escreve assim — com hífen.

Estorvo

O embargo a Cuba é baita empecilho para o reatamento pleno das relações entre a ilha e os Estados Unidos. Sem bobeira, moçada. Impecilho, com i, não existe. A forma nota 10 é empecilho.

Excessos

“A Bélgica mantém o mesmo grau de alerta”, dizem os repórteres que cobrem o atentado em Bruxelas. Manter o mesmo? É pleonasmo. Basta manter. Há pleonasmos e pleonasmos. Alguns estão na cara. É o caso de subir pra cima, descer pra baixo, entrar pra dentro, sair pra fora. Outros não parecem, mas são. Um deles: panorama geral. Todo panorama é geral. Basta panorama. Outro: pequeno detalhe. Todo detalhe é pequeno. Basta detalhe. Mais um: planos para o futuro. Todo plano é para o futuro. Basta planos. Outros: elo de ligação, país do mundo, ainda continua, manter a mesma. Elo, país, continua e manter dão o recado no tamanho certo — sem mais nem menos.

Leitor pergunta

Ouço todos os dias pela manhã uma apresentadora de emissora FM de notícias dizer: “A temperatura de momento é de X graus centígrados”. Não sei se está correto ou errado, mas me soa estranho. Aprendi que “de” serve para indicar indefinição ou não especificação da coisa ou pessoa. Assim, deveria ser: “A temperatura do momento é de x graus”. Estou certo?

Edvaldo Mendes Chagas, lugar incerto

Certíssimo. O momento é definido. Daí a necessidade do artigo. Compare com “de momento a momento os fatos mudam”. Aí, impera a indefinição.

***

Nunca sei quando usar espiar e expiar. Pode me dar uma luz?

Jonas Biatles, BH
Guarde isto, Jonas. O garoto curioso espia pela fechadura da porta o banho da irmã. A mãe vê. Contrariada, castiga-o. Recolhe o celular por três dias. “Por quê?”, pergunta ele choroso. “Porque você deve expiar o erro.” É isso. Espiar é observar secretamente. Daí espião, espionar, espionagem. Expiar, pagar erros cometidos. Expiação, expiatório, expiável pertencem à mesma família.

Dad Squarisi

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