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Economia É improvável que o Banco Central retome o ciclo de queda dos juros se não houver uma mudança de regras na aposentadoria nem a continuidade do cenário externo favorável

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O Copom praticamente deu por encerrado o ciclo de baixas na Selic. (Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil)

Ao cortar os juros pela 11ª vez seguida, na última quarta-feira (7), para 6,75% ao ano, o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) matou a curiosidade dos economistas: não pretende reduzir as taxas de novo na próxima reunião. Será o fim de um ciclo iniciado em outubro de 2016. Mesmo assim, o BC julgou prudente deixar em aberto a possibilidade de que “mudanças na evolução do cenário básico e do balanço de riscos” levem a mais um corte adicional e moderado daqui a 45 dias. A verdade, porém, é que, na opinião do mercado financeiro e de economistas, apenas uma surpresa muito positiva poderia fazer com que os juros seguissem cadentes. As informações são do jornal O Globo.

Desde a última reunião, em dezembro, dois dos fatores que embasaram a trajetória de corte sofreram mudanças importante. O primeiro deles é a continuidade das reformas, cuja adoção contribuiu “para a queda da sua taxa de juros estrutural”, segundo o comunicado do Copom. A verdade é que o ano virou mas a reforma da Previdência – a de maior impacto fiscal, na casa de R$ 500 bilhões em uma década – parece cada vez mais distante. Na Câmara, o presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) quer votar o texto em fevereiro mas garante que só o fará caso os votos existam. O governo não tem os 308 votos necessários e sabe disso. Tornaram-se raros os investidores e operadores do mercado que acreditam que o governo Temer entregará a reforma prometida.

Sem reformas, argumentam os economistas, a pressão fiscal será tamanha que o nível de juros brasileiro terá que ser necessariamente maior do que o planejado pelo governo. Isso para conter uma inflação mais intensa e para convencer os investidores globais a manter seu dinheiro aqui. O comunicado do Copom de quarta-feira não faz qualquer menção às dificuldades recentes da reforma da Previdência, praticamente repetindo o texto anterior. Mas o BC, como qualquer um em Brasília, sabe quão difícil será sua aprovação.

A segunda premissa que sofreu alterações diz respeito ao cenário externo. O solavanco histórico de Wall Street na semana passada – que fez evaporar US$ 1,9 trilhão da capitalização dos mercados globais em apenas um pregão – dissipou um otimismo arrogante que havia tomado conta das Bolsas, mimadas por recordes sucessivos ao longo dos últimos meses. Os agentes ainda estão se levantando daquele atropelo, e ninguém sabe ainda se ele deixará efeitos perenes ou terá servido apenas como um alerta-relâmpago. Por enquanto, sua consequência mais óbvia foi disseminar cautela.

Em dezembro, o BC observara que poderia mexer em sua política monetária caso ocorresse uma “reversão (…) no cenário externo favorável para economias emergentes.” Isso porque a recuperação das economias globais se dava “sem pressionar em demasia as condições financeiras nas economias avançadas”: ou seja, crescem sem precisar apertar muito os juros. Essa condição ainda se sustenta, e o “day-after” ao tombo do índice Dow Jones não sugere, por ora, alteração sensível de rota. Mas uma das razões para a queda brusca de segunda-feira fora um número mais forte que o esperado sobre o avanço dos salários nos EUA, divulgado na sexta-feira.

A partir dele, os investidores começaram a se preocupar com a trajetória dos juros americanos. O dado sugeria aceleração mais intensa da inflação e, consequentemente, aperto maior nas taxas do Fed. Especulou-se que o banco central dos EUA e seu novo presidente – que teve o azar de assumir o cargo no mesmo dia em que o Dow Jones perdeu a maior quantidade de pontos em sua história, e isso em apenas seis minutos! – precisarão fazer mais elevações nas taxas de juros básicas do que as três previstas para este ano.

Um Fed mais hawkish (jargão do mercado para uma autoridade monetária mais propensa a elevar suas taxas) que o previsto é ruim para o Brasil e seus pares emergentes, que passam a enfrentar maior dificuldade para atrair investidores e, logo, têm menor liberdade para cortar seus próprios juros.

O Copom, a julgar pelo seu comunicado, não parece ter mudado sua percepção por causa dos acontecimentos desta semana em Wall Street, contentando-se em fazer breve menção à “volatilidade recente das condições financeiras nas economias avançadas.”

Com esses entraves, avalia-se que a fresta aberta deixada para uma nova redução da Selic é de espaço muito curto – tão curto que, talvez, apenas uma reforma considerada certeira pelo mercado poderia penetrar.

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