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Colunistas É só uma eleição, não uma guerra

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"Não podemos ter essa suspeita de fraude, como houve na Bolívia, de um lado ou de outro", disse Bolsonaro. (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Que quadro mais estranho, justamente os dois que tinham (e tem) razões para perder, acabaram ganhando.

E qualquer observador razoavelmente atento pode afirmar com segurança que a presença de A “ajudou” na vitória de B. E que a presença de “B” ajudou na vitória de A. É, respeitadas as circunstâncias, como a famosa guerra publicitária que ocorreu quando foi lançada a PEPSI e os croques publicitários forjaram uma “batalha” – naturalmente pré-programada – com a COCA.

O resultado foi um aumento do consumo da COCA e uma vigorosa entrada no mercado da PEPSI.

Acontece que PEPSI e COCA resolveram sua batalha no mundo do faturamento e, sobretudo, usando fartos anúncios, normalmente vistosos e de intrigante e inteligentes mensagens críticas.

A ideia fundamental era qualificar o seu produto mas, de alguma forma, ainda que criticamente, lembrando o outro.

Enfim, nada mais obvio que não fosse a mercadológica lição sociológica de Sorokin. De maneira acadêmica mas indiscutível, nós só existimos porque existe o outro (diz-se que a primeira ilusão foi a do espelho: e a pergunta que se demorou a fazer e muito mais a responder).

Nosso ancestral, de início ficou satisfeito com aquela imagem que lhe dava parceria mas a quem não tinha acesso. Foi uma luta por tempos longos até que chegássemos ao Bolsonaro e ao Haddad.

O que entristece é se ver o admirável sistema eleitoral brasileiro criticado, não por suas falhas, mas por seus acertos; não por sua tecnologia que enseja precisão, rapidez e segurança mas pelo boato ridículo que não tendo o que propor em troca alimenta-se (e alimenta) os pessimistas, incrédulos que querem ser os primeiros noticiar a mentira.

Há uma raiva no ar. Um voto no candidato que não é o meu, não é meu adversário. É meu inimigo. Não importa, muitas vezes, fazer o mais elementar questionário no fanático… Ele sabe pouco ou quase nada do seu candidato; não é capaz de citar um ou dois itens programáticos. Do seu candidato sabe poucas verdades; “do outro”, sabe até muitas mentiras.

Não vibra com seu candidato mas tem certo prazer em alimentar uma desdita do rival. O fanatismo invade a família que não é mais como outrora, um grupo homogêneo.

Agora, o jovem estreante ou o (a) maduro (a), recém participativo, traz pra sala a sua definição e se acha no direito de impor aos demais.

E se diz que tudo se faz pelo bem da democracia. Como se ela pudesse ou devesse ser imposta.

É uma pena. Estamos estragando um processo eleitoral que tinha tudo para ser civilizado; mas o pior é que, incrementados os conflitos, os ódios, a agressão irresponsável estamos preparando um cenário para o depois da eleição; um clima caótico, no qual as violências se multiplicarão. Por parte dos perdedores, porque o resultado não foi justo, nem certo. Por parte dos vencedores, porque a maioria dos votos lhes dá o direito de fazer o que não é direito.

Ainda é tempo de sermos equilibrados.

Pelo menos, civilizados.

O que importa, num quadro com esse, onde se atropelam gestos irracionais, onde se repetem os ataques ferinos, onde a verdade é desrespeitada e onde a versão infundada empresta fé ao boato, acredito que talvez seja momento de abriga-los na frase lapidar de H.W.Wells: “a Educação é uma corrida entre a Civilização e a Catástrofe”.

Pelo menos, é um dever contribuir para que, usando a arma pacifica da Educação, se consiga derrotar fanáticos e fanatismos, a fim de se viver – e não apenas sobreviver – numa sociedade civilizada.

Carlos Alberto Chiarelli

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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https://www.osul.com.br/e-so-uma-eleicao-nao-uma-guerra/ É só uma eleição, não uma guerra 2018-10-20
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