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Brasil “É uma péssima ideia”, diz ex-diretor do Banco Central do Brasil sobre a possível existência de uma moeda única entre Brasil e Argentina

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Bolsonaro com Macri durante visita a Buenos Aires. (Foto: Marcos Corrêa/PR)

A ideia apresentada pelo presidente Jair Bolsonaro de criar uma moeda única para Brasil e Argentina é questionada por especialistas e gerou críticas no meio político.O ex-diretor do (BC) Banco Central Alexandre Schwartsman afirma se tratar de uma ideia sem sentido. “É uma péssima ideia”, disse. “Não é nem colocar o carro na frente dos bois, porque você não tem nem os bois ainda, nem o carro”. A informação é do jornal Folha de S. Paulo.

O economista explica que uma integração monetária exige o cumprimento de uma série de etapas anteriores, como harmonização de políticas fiscal e cambial entre os países. Ele cita o caso do euro, que nasceu após décadas de processo de integração econômica, livre comércio e liberdade de mão de obra.

“Não temos nada remotamente parecido com isso. Supostamente, o Mercosul é uma união alfandegária. A gente não tem nem livre comércio, nem tarifa externa única”, afirmou.

Schwartsman ressalta que o nascimento da nova moeda ainda exigiria a criação de instituições supranacionais para cuidar do setor financeiro e da política fiscal. Leis comuns entre os dois países também precisariam ser aprovadas.

Para ele, a ideia contraria o discurso de Bolsonaro em defesa da soberania nacional.

“A gente abandonou o passaporte com o símbolo do Mercosul, mas estaria disposto a criar uma moeda única? [A proposta] envolve ceder uma soberania gigantesca”, disse.

Também ex-diretor do BC e responsável pelo centro de estudos monetários do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) da FGV (Fundação Getúlio Vargas), José Júlio Senna afirma não ser otimista em relação ao resultado final da integração de moedas.

“É algo que precisa ser estudado com muito cuidado. O euro, por exemplo, está longe de ser algo que deu certo e foi bom para todos”, disse.

Senna diz não acreditar que alguém no Ministério da Economia esteja pensando em implementar uma ideia desse tipo de maneira apressada. Ele ressalta que todas as diferenças entre os países precisam ser avaliadas.

“Fico com a sensação de que é enganoso você achar que economias que sejam complementares podem se dar bem em uma integração. Elas têm que ser semelhantes nas suas estruturas”, afirmou.

A ideia de criar uma moeda única chamada “peso real” foi apresentada por Bolsonaro em viagem à Argentina. “Houve um primeiro passo para o sonho de uma moeda única”, disse.

O assunto foi discutido entre o presidente e o ministro da Economia, Paulo Guedes. O tema já teria entrado em pauta com o ministro da Economia de Mauricio Macri e idealizador do plano, Nicolás Dujovne.

Auxiliares de Guedes afirmam que a proposta pode mesmo ser tratada como um sonho, algo que pode ser positivo no futuro, mas que hoje não é nada além de uma ideia, um ensaio.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reagiu à proposta.

“Será? Vai desvalorizar o real? O dólar valendo R$ 6,00? Inflação voltando? Espero que não”, afirmou em sua conta no Twitter.

Também pelas redes sociais, o presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, afirmou que “em vez de pensar a tolice da moeda única, Paulo Guedes deveria se concentrar, além da reforma da Previdência, na economia brasileira que não vai nada bem”.

Longo caminho

A União Europeia levou décadas para implementar o euro. Confira.

1958 – Comunidade Econômica Europeia: a Comunidade Econômica Europeia é fundada treze anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial e foi o embrião da UE (União Europeia). Começou com seis países e tinha como objetivo reduzir as chances de conflitos criando dependência econômica entre os Estados-membro.

1979 – Lançamento do Sistema Monetário Europeu: crises que atravessaram a década de 1970, como a do petróleo, em 1973, desafiaram as tentativas de estabilização econômica no pós-guerra. A resposta da União Europeia foi o SME (Sistema Monetário Europeu), que limitava as taxas de câmbio das moedas dos países de modo a evitar grandes flutuações entre elas.

1988 – Conselho Europeu confirma união monetária: Após quase uma década do SME, a UE confirma a UEM (União Econômica e Monetária). A iniciativa instituiu um comitê que iria, ao longo dos anos de 1990, estudar e propor um plano para a unificação da moeda, o que foi feito em três etapas.

1991 – Tratado de Maastrich: o Tratado da União Europeia, aprovado em 1991 na cidade de Maastrich, determinou o que seria necessário para instituir a moeda única e estabeleceu a cidadania europeia, que permite a livre circulação e residência entre os cidadãos europeus de países da UE.

2002 – Euro entra em circulação: a circulação das moedas e notas de euro começaram em 1º de janeiro de 2002, três anos depois de seu lançamento. Entre 1999 e 2002, a moeda era usada para pagamentos eletrônicos. Doze países da UE aderiram ao euro na época. Hoje o euro é a moeda oficial de 19 dos 28 Estados-membro.

tags: Brasil

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