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Brasil A economia brasileira só voltará a crescer quando houver a clareza sobre o próximo governo, afirma o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga: “uma guinada populista levará tudo para o brejo”

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"O Brasil continua com juro alto, apesar da queda recente, o que atrai capital", disse Armínio. (Foto: Reprodução/YouTube)

A economia brasileira só voltará a crescer com vigor quando houver clareza sobre as forças políticas que vão liderar o próximo governo, afirma o ex-presidente do BC (Banco Central) Armínio Fraga.

“Se a mudança imprimida na direção da política econômica for mantida, consolida uma coisa muito boa”, diz. “Mas pode acontecer o contrário, uma guinada populista, e ir tudo para o brejo.”

O economista, que dirigiu o BCde 1999 a 2002, no segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), concedeu entrevista ao jornal Folha de S.Paulo na última quarta-feira (2), o dia em que o presidente Michel Temer (PMDB) conseguiu barrar a denúncia criminal apresentada contra ele na Câmara dos Deputados.

Fraga não expressa entusiasmo pelo governo Temer, revela desencanto com o PSDB e o senador Aécio Neves, o candidato para quem trabalhou nas eleições de 2014, e diz temer que a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na campanha de 2018 elimine qualquer chance de um debate consistente sobre os rumos do País.

1) Os mercados parecem calmos hoje, apesar das incertezas na política e das dificuldades na economia. Por quê?

Há gente nervosa, mas ninguém em pânico. As condições externas são favoráveis. O dinheiro está queimando na mão das pessoas lá fora, com juro muito baixo. O Brasil continua com juro alto, apesar da queda recente, o que atrai capital.

Além disso, existe a percepção de que as instituições do país estão funcionando. E o balanço de pagamentos dá certo conforto.

Apesar da confusão, o governo vem conseguindo manter viva alguma margem para a aprovação de reformas. Provavelmente, o que o mercado embute nas expectativas hoje é um 2018 tranquilo. Mas tenho receio de esse quase consenso não ser tão firme assim.

2) O que pode desencadear a tempestade é a política?

A política e as eleições. Existe a expectativa de que uma solução seria algo ao centro, antipolítica, vindo de fora. Fala-se na ideia de procurar alguém como [o presidente francês, Emmanuel] Macron.

Mas é certo que, mesmo que surja alguém, não vai acontecer no Brasil uma guinada tão grande no Congresso. O Brasil velho continuará lá, superbem representado, o que vai dificultar o trabalho de quem quer que venha a ser eleito.

3) O que assustaria o mercado?

Se [o próximo governo] não vier com algo muito bem fundamentado na gestão da economia, pode trazer um problema enorme. A dívida pública, mesmo com todas essas reformas aprovadas, o que não é certo que aconteça, vai estar na Lua, indo para 95% do PIB.

4) A fragilidade financeira limitará o próximo presidente?

Quem chegar terá que tomar medidas emergenciais e rever muita coisa. A Previdência que ser rediscutida, e existem muitas outras questões ligadas ao tamanho e à qualidade do Estado. Tudo isso com o Congresso ainda em boa parte com a cabeça do Brasil velho, que deu errado.

5) O impacto da Operação Lava-Jato sobre grandes empresas como a Odebrecht a JBS para impor um novo padrão de relacionamento entre o poder econômico e o Estado?

Vai ficar mais difícil voltar ao que havia, mas a tentação sempre existirá. Boa parte do empresariado esteve na cama com vários governos, especialmente esses mais recentes. Por serem mais centralizadores, levaram esse jogo a um patamar nunca visto antes. Acredito que revelações e punições daqui para a frente funcionarão como um freio.

6) O senhor ficou surpreso com os diálogos de Joesley Batista com o senador Aécio Neves ?

Fiquei chateado. Entendo que a política exija negociações variadas, que há uma disputa por recursos do orçamento e tudo mais, mas ali havia muitos aspectos do Brasil velho. Foi desagradável.

Na campanha presidencial de 2014, eu estava animado com a possibilidade de trabalhar com Aécio. Acho que teria sido um bom presidente, mas esse lado mais extremo eu não enxergava. É uma tristeza.

Como a visita secreta de Joesley ao presidente, na calada da noite. Temer chegou [ao poder] com uma boa agenda. Foi parceiro preferencial do PT na roubalheira e na destruição da economia, mas teve o mérito de parar com aquilo e apresentar uma proposta [de reformas]. Foi uma grande surpresa. Depois ficou claro que seus vínculos com o Brasil velho eram muito fortes.

7) O que espera do debate na campanha eleitoral de 2018?

Se Lula for candidato, vai voltar ao mesmo padrão de mentiras e promessas de antes. Ele declarou outro dia que nunca o Brasil precisou tanto do PT quanto hoje. Para quê? Para quebrar de novo? Para enriquecer todos esses que estão aí mamando há tanto tempo? Acho que a campanha vai ser de baixíssimo nível.

Se a discussão não for boa, quem vier depois não terá legitimidade para tomar as medidas necessárias. Fica a ideia de que o Brasil tem apenas duas opções: ser feliz, ou tomar medidas amargas. Isso dificulta a solução da falência generalizada que se aproxima. (Folhapress)

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