Quinta-feira, 25 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 15 de setembro de 2015
A consagração do cinema da Venezuela, Argentina e, em menor grau, Brasil no Festival de Veneza não foi o único destaque latino no fim de semana cinematográfico. No Festival de Toronto, o filme “Our Brand Is Crisis”, que joga Sandra Bullock no meio das eleições presidenciais da Bolívia, em 2002, foi exibido pela primeira vez.
Apesar de baseado no documentário homônimo de Rachel Boynton, o longa ficcional dirigido por David Gordon Green (“Segurando as Pontas”) pouco tem a ver com o tom do material original ou até mesmo com a realidade.
A premissa é a única coisa não alterada: o candidato da oligarquia boliviana contrata um grupo americano de relações americanos para tentar tirar os 20 pontos de vantagem que o candidato populista possui nas eleições para presidente da Bolívia.
É isso. Não há nomes verídicos ou situações tensas. É uma comédia caricata que certamente vai desagradar o povo boliviano, mas que pode funcionar no mercado estrangeiro.
Principalmente por causa de Sandra Bullock, que tomou o papel que seria de George Clooney (baseado no consultor político Bob Shrum) e assume bem o papel de uma neurótica, competitiva e alcóolatra que passa a trabalhar para o candidato Castillo – interpretado pelo português Joaquim de Almeida, que seria a versão ficcional de Gonzalo Sánchez de Losada.
Surpreendentemente, não há muito debate político, considerando que Clooney e Grant Heslov são produtores (politizados) do longa e que o material original permaneceu batizando a ficção, fica estranha a escolha de tom. Exemplo?
Há a cena na qual os ônibus dos dois candidatos disputam um racha nos desfiladeiros da Bolívia para que a consultora de Bullock possa mostrar a bunda para seu adversário, vivido por Billy Bob Thornton.
“George é bem menos cabeludo naquelas partes baixas”, brincou Bullock em entrevista à imprensa mundial logo após a première. “Não queríamos fazer nenhuma declaração política com esse filme”, completou Clooney sobre o tom de “Our Brand is Crisis”. “Obviamente, estávamos interessados no processo eleitoral, mas não estávamos procurando algo somente sobre política. O longa é sobre a condição humana e como estamos embalando e vendendo tudo de maneira específica.” (Rodrigo Salem/Folhapress)