Mundo Em meio a violentos protestos, o Congresso da Argentina aprovou a polêmica reforma da Previdência
Por Redação O Sul | 19 de dezembro de 2017
Após mais de 12 horas de sessão, o Congresso da Argentina aprovou, na manhã desta terça-feira (19), a reforma da Previdência, apesar dos violentos protestos realizados no país desde quinta-feira (14) e de uma greve nos transportes.
O projeto recebeu 128 votos a favor, 116 contra e duas abstenções. Nesta terça, manifestantes contrários à reforma permanecem nas ruas. Na segunda-feira (18), enquanto os deputados tentavam aprovar o projeto, houve um violento protesto.
A polícia disparou balas de borracha, gás lacrimogêneo e jatos de água contra os manifestantes, que lançaram pedras. Esse confronto durou mais de duas horas. A Guarda Nacional foi acionada. O protesto deixou pelo menos 109 feridos, entre civis e policiais, de acordo com um balanço divulgado pelo Sistema de Atenção Médica de Emergências de Buenos Aires. Pelo menos 60 pessoas foram detidas.
Na segunda-feira, os deputados chegaram a suspender a sessão por causa do confronto. Quando o debate foi retomado, a oposição tentou suspender a discussão. Os deputados da oposição tentaram ainda atrasar a votação, pedindo o uso da palavra. A maioria utilizou seu tempo para criticar a proposta e a decisão de prosseguir com a votação apesar dos protestos e do que chamou de uma clara mensagem da população de descontentamento com a reforma.
Reforma
Entre os principais pontos da reforma da Previdência proposta pelo governo, estão a alteração na fórmula de ajuste que passaria a ser determinada por um composto de 70% da taxa de inflação e 30% da variação no salário médio dos trabalhadores estáveis.
Outro ponto determina que mulheres com 60 anos de idade e homens com 65 anos, com no mínimo 30 anos de contribuição, podem optar por prolongar a vida ativa até 70 anos. Mas, uma vez que o trabalhador complete 70 anos e atenda aos requisitos necessários para acessar o Benefício Único Universal, o empregador pode intimá-lo a iniciar os procedimentos relevantes. A partir desse momento, o empregador deve manter a relação de trabalho até que o trabalhador obtenha o benefício e por um período máximo de um ano.
Greve
Uma paralisação convocada pela CGT (Confederação Geral dos Trabalhadores) da Argentina contra reforma da Previdência provocou o cancelamento de voos para o Brasil na segunda-feira. No aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, 13 voos que chegariam ou seguiriam para a Argentina foram cancelados. No Galeão, no Rio de Janeiro, outros seis voos para o País foram cancelados.
Em comunicado oficial, a Aerolíneas Argentinas e a Latam, que operam diversos voos com origem e destino ao Brasil, afirmaram que suas operações seriam afetadas e aconselharam os passageiros “a não se dirigirem aos aeroportos ou tentar contatar o call center da companhia até que a greve tenha finalizado”.
