Sexta-feira, 19 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 26 de agosto de 2015
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, negou nesta quarta-feira (26) ter feito qualquer tipo de acordo com o governo e com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para preservar a governabilidade no Congresso. Ele participa, desde as 10h, de sabatina na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), que analisa a sua recondução ao cargo para mais um mandato de dois à frente da Procuradoria.
“Eu nego veementemente qualquer acordo que possa interferir nas investigações. Não há qualquer possibilidade de qualquer acordão”, disse.”Ainda que eu quisesse fazer isso, eu teria que combinar com todos os outros procuradores. É uma ilação impossível”, completou. O procurador foi questionado pelo senador Alvaro Dias (PSDB-PR) sobre a hipótese do acordo entre ele, a Presidência da República e Calheiros para que as investigações contra o peemedebista na Operação Lava-Jato fossem aliviadas em troca de apoio político à presidenta Dilma Rousseff, que enfrenta dificuldades com a base aliada no Congresso. Essa hipótese é levantada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que foi denunciado por Janot sob acusação de receber propina no esquema de corrupção na Petrobras.
Em sua fala inicial, o procurador fez referências às investigações da Lava-Jato e admitiu que a operação “inevitavelmente tem reflexos sobre pessoas físicas e jurídicas”, mas ponderou que a atuação do Ministério Público no caso tem sido “responsável”, “sem desviar-se da legalidade”. Se for aprovada na CCJ, a indicação de Janot segue para análise do plenário do Senado ainda nesta quarta.
Collor
Desafeto público de Janot, o senador Fernando Collor (PTB-AL) acusou o procurador de ter omitido informações prestadas aos senadores nesta quarta. O senador questionou a atuação de Janot como advogado da empresa de engenharia Orteng, ligada à Petrobras, no mesmo período em que atuava como sub-procurador da República. “Essa atuação é moralmente aceitável?”, perguntou.
O senador também questionou a contratação de uma empresa de comunicação para atuar junto ao gabinete de Janot na Procuradoria. “Somente em 2014, os três últimos contratos, incluindo termos aditivos, somam mais de 940 mil reais, tudo sem licitação. Imaginem se fosse um prefeito do interior de nosso País ou mesmo de capital, um governador, o que não estaria fazendo o procurador-geral Janot em relação a esses mandatários?”, disparou.