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Brasil Em três meses, uma operação-conjunta já retirou mil e 900 garimpeiros de uma reserva indígena em Roraima

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Força-tarefa conta com a participação do Exército. (Foto: Divulgação/Ibama)

A operação Curare 9, deflagrada há três meses pelo Exército em parceria com a PF (Polícia Federal) para combater a extração ilegal de minérios e pedras preciosas no Estado de Roraima já contabiliza 1,9 mil garimpeiros retirados da reserva indígena Terra Ianomâmi. Também foram apreendidos 750 quilos de ouro, além de armas, animais, veículos (terrestres e aéreos) e equipamentos.

Agindo simultaneamente nas áreas urbanas da região, os cerca de mil soldados que atuam na força-tarefa prenderam vários empresários ligados a atividades ilegais da cadeia de produção do ouro ilícito, como Pedro Emiliano Garcia, condenado por genocídio no “Massacre de Haximu”, em 1993 e atualmente dono de aviões que voam clandestinamente para a área indígena.

Incrementam os trabalhos a PM (Polícia Militar), Ibama (nstituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), MPF (Ministério Público Federal) e a Justiça Federal. Até agora, já são foram emitidos 77 mandados judiciais, dentre os quais 29 de prisão.

Desde que o tráfico de ouro ilegal se intensificou, a partir de 2008, as ações do poder público na área Ianomâmi foram sempre pontuais e rápidas. Os garimpeiros aprenderam a escapar delas, mantendo-se em esconderijos bem abastecidos dentro floresta. Com isso, o número de invasores e as áreas de degradação ambiental não pararam de crescer em dez anos.

A novidade da atual operação foi a decisão do comando da Primeira Brigada de Infantaria de Selva do Exército, em Boa Vista, de implantar em agosto bases permanentes de vigilância às margens dos dois principais rios (Uraricoera e Mucajaí) que são a rota normal de entrada e saída do garimpo na área.

O comandante militar da Brigada, general Gustavo Henrique Dutra, só anunciou a implantação das bases permanentes depois que a operação já havia começado. Com isso, a fuga dos garimpeiros para esconderijos dentro da selva não seria um problema para o sucesso da ação: “Talvez eles pensem que nós vamos ficar pouco tempo aqui. Mas como teremos presença por prazo mais longo, eles vão começar a sair e descer para Boa Vista”, disse Dutra em agosto.

Com isso, por mais preparados que pudessem estar em agosto, os esconderijos dos criminosos não tinham estocado alimentos para três meses ou mais. Depois de algumas semanas, barcos do garimpo começaram a descer o rio em direção à capital, Boa Vista. Ao chegar à base do Exército, eles são revistados: armas, ouro e equipamento de garimpo são apreendidos. Depois de identificadas, as pessoas são liberadas.

Ao registrar os trabalhadores ilegais, a operação serviu para afastar também a hipótese de que a imigração venezuelana estivesse por trás do aumento do garimpo: em três meses, o aumento dos garimpos na área Ianomâmi se explicaria pela presença de trabalhadores venezuelanos. Desde o início da operação, só foram encontrados 35 venezuelanos, em meio a quase 2 mil brasileiros.

Alguns focos de mineração se mantiveram no início da operação graças ao abastecimento por aeronaves. Depois de um mês, no entanto, em setembro, a Polícia Federal entrou em ação (chamou sua missão de operação Tori). Um alvo prioritário foram exatamente as empresas de aviação que trabalham para o garimpo. Com isso, asfixiou a alternativa ao movimento pelos rios. Desde então, poucos focos de garimpo sobrevivem dentro da Terra Indígena.

História

A mineração ilegal na área indígena Ianomâmi teve seu auge no final dos anos 1980, durante o governo José Sarney (1985-1989), quando estimados 40 mil garimpeiros correspondiam ao dobro da população indígena. Logo após a posse, o governo Fernando Collor (1991), iniciou uma grande operação de retirada dos invasores e o garimpo desapareceu ou se tornou quase invisível.

Mas passou a crescer e se tornou novamente intenso após a crise de 2008, com o aumento do preço internacional do ouro e a desvalorização do Real, que tornaram a atividade muito atraente e lucrativa. Nos primeiros meses deste ano, órgãos oficiais e entidades indígenas estimavam em torno de 5 mil garimpeiros trabalhando ilegalmente nas terras da União.

O estabelecimento de presença e vigilância constantes dos órgãos públicos era uma reivindicação antiga dos índios. O MPF, em Roraima, move ação civil pública para forçar a Funai (Fundação Nacional do Índio) a retomar a presença que mantinha em pontos estratégicos da área Ianomâmi até 2013 (e por curto período em 2015) e interrompeu, alegando falta de orçamento.

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