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| Em viagens a Angola investigadas pela Lava-Jato, Lula tinha avião à disposição

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em viagem a Angola, em maio de 2014. (Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula)

Alvos de uma das ações penais contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, as viagens do petista a Angola a convite da empreiteira Odebrecht tiveram prerrogativas como um avião colocado à disposição do governo local, visitas a obras de interesses da construtora e uma discussão sobre financiamento do BNDES a projetos locais.

Mesmo anos após deixar a Presidência, o “tratamento protocolar” oferecido a ele era de “chefe de Estado”.

Os relatos constam em documentos sigilosos do Itamaraty, obtidos pela Folha de S.Paulo, feitos por diplomatas que acompanharam as duas visitas.

Lula esteve no país em 2011 e 2014, a convite da empreiteira — em ambas com Emílio Odebrecht, patriarca do grupo.

Na ação penal, que corre no Distrito Federal, o Ministério Público Federal acusa Lula de servir como “garoto-propaganda” da empreiteira nas viagens, pelas quais recebeu o equivalente a R$ 800 mil.

Para a acusação, os pagamentos por palestras na África eram “cortina de fumaça” para encobrir a intenção da Odebrecht de usar Lula como “fiador” de empréstimos a serem liberados pelo BNDES para obras no país.

Os relatórios do Itamaraty mostram que as palestras de fato aconteceram e foram “calorosamente” aplaudidas por uma plateia de autoridades e empresários locais. Os eventos tiveram “ampla cobertura da mídia local”.

Na primeira delas, foi precedida de uma “extensa programação” preparada pelo governo do presidente angolano José Eduardo dos Santos, com quem Lula se reuniu na ocasião por 40 minutos.

O roteiro incluiu uma ida a um megaconjunto habitacional erguido por investidores chineses, também com o apoio da Odebrecht, perto da capital, Luanda.

Na ocasião, segundo uma pessoa que participou da viagem, Lula até deu palpites sobre o perfil de construção dos banheiros das casas. Sua assessora Clara Ant, arquiteta de formação, notou que os chuveiros haviam sido instalados do lado de fora das residências. Lula pediu explicações ao engenheiro da Odebrecht responsável pela obra, que disse que essa configuração era uma tradição local.

O ex-presidente não se convenceu e pediu à empreiteira para que reformasse as casas colocando chuveiros no interior de cada imóvel.

A viagem de 2011 teve ainda uma romaria de representantes de empreiteiras a um encontro promovido na Embaixada do Brasil, segundo o documento do Itamaraty.

Além da Odebrecht, compareceram funcionários da Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e OAS, todas envolvidas na Operação Lava-Jato.

Aeronave à disposição

Na segunda visita de Lula, em maio de 2014, o governo local, conforme destacou o relatório da embaixada, colocou à disposição um avião para que a comitiva fosse visitar no interior do país uma usina produtora de açúcar e etanol. A unidade era uma parceria da Odebrecht e a estatal petrolífera Sonangol.

Na visita ao país, Lula novamente se reuniu com o presidente angolano e discutiu a linha do BNDES para a construção da hidrelétrica de Laúca, pela Odebrecht, segundo os despachos. O Ministério Público Federal ressaltou em denúncia que o financiamento, de R$ 2 bilhões, só saiu graças a Lula.

O próprio relatório da embaixada destacava o interesse das empreiteiras brasileiras pelas obras no país africano. “As empresas, que obviamente competem entre si, mas têm presente que podem beneficiar-se da possibilidade de linha de financiamento do BNDES”, diz o documento.

Um dos investimentos potenciais eram programas no estilo do Luz para Todos, uma das bandeiras de governo.

Em depoimento ao Ministério Público no DF, o petista negou ter tratado do financiamento com o presidente.

Na palestra, Lula abordou programas sociais. “O colóquio atraiu audiência superior a 1.200 pessoas e já foi qualificado como o maior evento internacional sobre o combate à fome já realizado”, diz o relatório da diplomacia.

A diplomata finaliza o documento dizendo que a viagem de Lula foi “muito importante” para evitar que o Brasil perdesse espaço para outros países em suas relações com Angola.

O ex-presidente vem negando todas as acusações feitas pelos procuradores.

(Wálter Nunes e Felipe Bächtold/Folhapress)

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