Sábado, 20 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 21 de abril de 2017
Filho de um médico dono de farmácia no interior, Léo Pinheiro nunca teve na Bahia o status de Marcelo Odebrecht, que nasceu em berço de ouro e estudou no exterior. Entre os empreiteiros, Pinheiro foi o único a se tornar amigo do ex-presidente Lula, a ponto de frequentar a casa do ex-metalúrgico e servir como ouvido para desabafos.
Depois que Lula deixou a Presidência e sobrou mais tempo, os encontros entre os dois passaram a ser mais frequentes. Não eram raras as reuniões nos fins de expediente no Instituto Lula, regadas a aperitivos.
Pinheiro também chegou a frequentar o sítio de Atibaia, refúgio do ex-presidente e seus amigos. Em uma dessas visitas, percebeu que o nível do lago do sítio estava baixando e se meteu em encrenca: acabou chamando para a obra nada mais, nada menos do que um especialista em barragens da empresa — assim, o lago dos pedalinhos recebeu um tratamento à altura de uma barragem de hidrelétrica.
A intimidade com o ex-presidente e os contatos frequentes nas rodas petistas — Paulo Okamoto e João Vaccari Neto eram interlocutores frequentes — fez com que todos os olhares se voltassem a Pinheiro desde o início da Lava-Jato: iria se calar ou falar o que sabia?
Preso, optou pelo silêncio, numa espécie de pacto de preservação ao ex-presidente Lula, liderado pela Odebrecht. Manteve firme sua posição até que a maior empreiteira do país cedeu. Quando a Odebrecht decidiu delatar, Léo Pinheiro não viu mais motivos para ficar calado.
O empreiteiro foi preso em 2014 e depois voltou a ter prisão decretada em 2016. Desde então, está atrás das grades, mas ainda hoje é considerado um dos mais calmos nos corredores da Polícia Federal.
Dizem que sua principal qualidade é pensar muito antes de falar. Inteligente, era um dos poucos a trocar experiências pessoais com Lula. (AG)