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Brasil A batalha do empreiteiro Marcelo Odebrecht contra a sua família ganhou um novo capítulo. Executivos da empresa teriam destruído as chaves eletrônicas que permitiam acesso ao sistema que controlava o pagamento de propina

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Marcelo Odebrecht está em prisão domiciliar. (Foto: Reprodução)

A batalha do empreiteiro Marcelo Odebrecht contra a sua família ganhou um novo capítulo e um novo tom. Em depoimento prestado à PF (Polícia Federal), ele diz que o seu cunhado e vice-presidente jurídico do grupo Odebrecht, Maurício Ferro, ajudou a acabar com o Setor de Operações Estruturadas, conhecido como o departamento de propinas da empresa.

Ferro não faz parte do grupo de 78 delatores da Odebrecht após o acordo que a empresa fechou com a Procuradoria-Geral da República em dezembro de 2016. Desde 2013, ele é vice-presidente jurídico do grupo Odebrecht, o mesmo cargo que ocupou antes na Braskem, petroquímica formada pela Odebrecht e Petrobras que também se envolveu em corrupção e fez acordo para se livrar dos processos.

Segundo Marcelo, ele próprio pediu que Ferro desse fim ao departamento quando ainda presidia o grupo, no começo de 2015. O Setor de Operações Estruturadas era subordinado diretamente a Marcelo. O executivo foi preso em junho de 2015, ficou dois anos e meio detido em Curitiba (PR) e foi colocado em prisão domiciliar pouco antes do último Natal por causa do acordo que a empresa assinou. Marcelo prestou o depoimento em que fala do cunhado em dezembro, pouco antes de deixar a carceragem da PF.

Ao todo, ele deu informações complementares sobre dez temas que aparecem na delação do grupo. O desmantelamento do departamento de propina pode, em tese, ser interpretado como um ato de obstrução de Justiça. Chamado no Código Penal de crimes contra a administração de Justiça, ele é punido com pena de prisão de três a oito anos.

Na operação para acabar com o setor, algumas chaves de acesso aos arquivos secretos da Odebrecht foram apagadas, segundo documento do Departamento de Justiça dos EUA, onde a Odebrecht e a Braskem também fizeram acordo para se livrar de processos naquele país.

Segundo o relato que está no documento americano, dois executivos que trabalhavam no departamento de propina viajaram para os EUA com o objetivo de dar cabo do sistema eletrônico que a empresa usava para manter os pagamentos ilícitos em sigilo. Em janeiro de 2016, ainda segundo o acordo americano, Luiz Eduardo da Rocha Soares e Fernando Migliaccio destruíram as chaves eletrônicas que permitiam o acesso ao sistema MyWebDay. Era por meio desse sistema que a Odebrecht controlava pagamento de propina e de caixa dois.

Essas chaves eletrônicas, que abriam o sistema criptografado, jamais foram recuperadas, segundo investigadores da Operação Lava-Jato. Marcelo está em guerra com a família por considerar que foi o mais prejudicado com o acordo assinado pelo grupo. Enquanto ele ficou preso dois anos e meio e ficará por um período igual a esse em prisão domiciliar, outros executivos que teriam cometido irregularidades e conheciam a política de pagar propina do grupo foram preservados.

Marcelo escolheu dois alvos que, na opinião dele, foram poupados: além de Ferro, tem atacado Newton de Souza, que o substituiu na presidência do grupo em dezembro de 2015, quando Marcelo deixou o cargo por estar na prisão. O empreiteiro acusa Newton de conhecer todo o esquema de pagamento de propina e de ter se beneficiado de pagamentos de bônus por meio de caixa dois. Segundo ele, Newton recebeu 70 milhões de reais em bônus fora do Brasil, em operação feita pelo departamento de propina.

Enquanto outros executivos tiveram de devolver os bônus que receberam fora do Brasil, Newton foi poupado, segundo conversas de Marcelo com aliados que mantém na Odebrecht. Newton deixou a presidência da Odebrecht em maio 2017 e agora é o segundo na hierarquia do conselho de administração da holding, logo abaixo de Emílio Odebrecht, pai de Marcelo.

Marcelo também reclama que o acordo atribuiu a ele crimes na Petrobras que não cometeu. Por conta dessa visão, Marcelo brigou com o pai, com a irmã que é casada com Ferro, Mônica Bahia Odebrecht, e até com a mãe durante os dois anos e meio que ficou na prisão. Na volta para casa, ele só reatou relações com a mãe.

A Odebrecht afirmou, em nota, que não houve destruição de nenhuma prova no acordo de colaboração da empresa. Segundo a companhia, “o princípio da colaboração ampla, detalhada e contínua da Odebrecht com as autoridades é de apresentação de todas as provas disponíveis, não de omissão e muito menos de destruição de qualquer uma delas”.

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https://www.osul.com.br/empreiteiro-marcelo-odebrecht-insinua-que-o-seu-cunhado-destruiu-provas/ A batalha do empreiteiro Marcelo Odebrecht contra a sua família ganhou um novo capítulo. Executivos da empresa teriam destruído as chaves eletrônicas que permitiam acesso ao sistema que controlava o pagamento de propina 2018-02-04
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