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Brasil Empresa aérea LaMia e seguradora sabiam de proibições em voo que resultou em acidente com time da Chapecoense

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A tragédia, ocorrida no dia 29 de novembro de 2016, deixou 71 mortos. (Foto: Divulgação)

Uma série de e-mails trocados entre a proprietária da companhia aérea LaMia, a venezuelana Loredana Albacete, e o corretor de seguros da AON, o britânico Simon Kaye, demonstram que ambos sabiam das proibições para as operações da empresa boliviana que transportou a Chapecoense no fatídico voo que caiu no morro Cerro Gordo, em Medellín, na Colômbia, vitimando 71 pessoas em novembro de 2016.

Um dos exemplos ignorados por ambos é a proibição de que voos fretados sobrevoem o espaço aéreo da Colômbia. Além disso, as mensagens trocadas indicam favorecimentos políticos, desdém com a tripulação e um contato próximo com “aquela que cuida dos clubes de futebol”.

Os e-mails estão numa série de documentos disponibilizados ao Senado Federal e obtidos pelo UOL Esporte que demonstram que a companhia aérea tinha seguro para a aeronave, a despeito das famílias ainda não terem recebido os valores sobre o acidente. Em um dos trechos, a negociação entre Loredana Albacete e Simon Kaye demonstra que a LaMia contava com uma série de voos futuros para convencer a AON a assegurar a nave. Apesar de ser uma corretora, a Aon foi a responsável pela apólice do seguro a partir de fundos vindos de Londres.

“Odeio pressionar você com tempo quando eu tenho atrasado nas respostas, mas não tenho opções. Vamos ter de assinar o contrato na segunda para a viagem de 10 de abril. (…) Espero que você entenda. É um cliente com alto potencial para nós. Eles lidam com todos os times de futebol e a temporada está começando”, escreve Loredana. A referência é à Off Side Logística, empresa sediada no Rio de Janeiro que intermediou negociações com a Chapecoense e outros clubes. A viagem citada não ocorreu: era para o The Strongest ir para a Venezuela, mas o seguro não saiu a tempo.

Outro cliente perdido foi o Rosário Central, que iria viajar para Medellín em maio de 2016. A Colômbia proíbe que voos fretados sobrevoem seu espaço aéreo por temor de atos terroristas de grupos guerrilheiros contra essas aeronaves e, a partir disso, as companhias seguradoras não fazem apólices para aeronaves que sobrevoam o destino. Mas a LaMia conseguiu, mesmo com e-mails avisando que a Colômbia seria destino frequente. Ainda em abril, a AON, por meio de Kaye, dava sinal verde para a cobertura da nave:

“Querida Loredana, obrigado pelo seu e-mail. Vamos proceder para formalizar a indicação, obtivemos suporte da cobertura aérea”, diz a resposta, discutindo ainda uma queda no valor da cobertura, para que houvesse redução no custo da apólice: “Vamos investigar se tem alguma redução significante na cobertura entre US$ 25 milhões e 50 milhões, então você pode decidir qual o valor a comprar”. O texto de Kaye ainda faz alertas sobre voos para os EUA, mas não cita o espaço aéreo colombiano. No mesmo texto, o agente da corretora AON sugere retirar a cobertura de seguro da tripulação, o que não foi aceito por Loredana.

Pouco depois, nova resposta da proprietária da LaMia: “Queridos. Obrigado pelos esforços gentis para uma solução viável em pouco tempo. Afortunadamente, estamos aptos a obter as permissões para voarmos Venezuela e Bolívia sem os certificados”, afirmou. Ela ainda contestou o valor da cobertura, tentando baixar o preço da apólice: “Eu acho US$ 50 milhões muito. Amigos da aviação que fazem América do Sul trabalham bem com US$ 25 milhões de limite”.

As trocas de mensagens demonstram que a empresa tinha influência política para convencer os clubes a voarem com sua aeronave. Até então desconhecida, a LaMia transportou desde a Argentina de Messi até a Chapecoense no voo que nunca pousou na Colômbia. Apesar dos diálogos demonstrarem que a AON sabia que a LaMia circulava em espaço aéreo colombiano, a empresa britânica hoje usa a proibição de voos fretados para aquele país como um dos argumentos para negar dialogar com as famílias das vítimas para o pagamento de uma indenização.

Além disso, a negociação pela apólice que viria a ser respaldada pela AON com corretagem da Bisa demonstra que havia facilitação na decolagem da aeronave à partir da Bolívia e que a redução no valor da cobertura serviu para apressar a emissão da apólice.

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