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Ciência Empresas tentam aprimorar um “bafômetro” que analisa os odores da respiração para ajudar no diagnóstico precoce de doenças como o câncer

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Projetos sobre essa tecnologia ainda têm a sua confiabilidade questionada. (Foto: Reprodução)

Considerado o “pai da medicina”, o grego Hipócrates (460-370 a.C.) era conhecido por usar o cheiro como instrumento de trabalho. Sucessivas gerações de médicos fizeram e fazem o mesmo. A sífilis, por exemplo, parece ter um odor característico. Já o cheiro de maçã podre sugere diabete.

Hoje, o uso do cheiro na Medicina ficou mais sofisticado. Inúmeros tipos de compostos orgânicos voláteis (os chamados VOCs, gases emanados de organismos vivos) já foram identificados em laboratórios como indicadores de doenças específicas, de câncer do seio à cólera. No começo do mês um estudo revelou a descoberta de uma “pegada olfativa” da malária.

Entretanto, apesar de todo esse conhecimento acumulado, um “bafômetro para doenças” ainda teima em não virar realidade. A principal dificuldade, como costuma acontecer quando se trata de novos instrumentos de diagnóstico, não é descobrir se tais ferramentas são ou não tecnicamente viáveis, mas se seriam confiáveis e úteis para serem usadas por médicos.

A empresa britânica de biotecnologia Owlstone Medical, com sede em Cambridge, no Reino Unido, acredita ter desenvolvido tal instrumento. O seu analisador de respiração está sendo submetido a várias e abrangentes experiências. Em uma delas, batizada de LuCID, estão sendo recrutados 4 mil voluntários em toda a Europa para testar detecção precoce de câncer do pulmão – doença que frequentemente é diagnosticada tarde demais para ser tratada.

Outra experiência, realizada em colaboração com a fundação Warwickshire NHS Trust, está voltada para detectar câncer colorretal ainda no início em 1,4 mil pessoas (métodos atuais de detecção são eficazes em apenas 9% dos casos). A organização Cancer Research UK testa o analisador de respiração na detecção de muitos outros tipos de câncer – especialmente de bexiga, seio, cabeça e pescoço, rins, esôfago, pâncreas, próstata e cérebro.

Mas a utilização do aparelho não se limita ao câncer. A Owlstone fechou acordos com farmacêuticas para outras aplicações. Um desses acordos, assinado no final de novembro com o GlaxoSmithKline, tem como objetivo utilizar o analisador de respiração para saber se pacientes estão respondendo a tratamento para obstrução pulmonar crônica.

Outra farmacêutica, embora de menor porte, 4D Pharma, vem recorrendo ao aparelho para descobrir mais sobre o microbioma de um paciente – as legiões de bactérias que cada um carrega no organismo – e, a partir daí, produzir drogas específicas para determinadas doenças.

Uma das razões pelas quais o aparelho da Owlstone despertou tanto interesse é o fato de ele ter um histórico bem documentado. A tecnologia básica está em uso há muitos anos por Forças Armadas na detecção de agentes químicos empregados com finalidade militar. Na versão médica, a respiração da pessoa é exalada através de um sensor que ioniza os VOCs, fazendo-os ganhar uma carga elétrica. O resultado é uma “impressão digital” química, ou “biópsia respiratória”, obtida sem necessidade de se usar agentes químicos, agulhas ou reagentes.

Dúvidas

Os detalhes estão, inevitavelmente, sujeito a questionamentos. Começa que a respiração de cada um é diferente, daí a necessidade de o aparelho eliminar essa variação natural para poder identificar confiavelmente os sinais de doença.

Entretanto, se as experiências forem bem-sucedidas, os benefícios serão enormes. Enquanto isso, médicos britânicos estão oferecendo experimentalmente, em supermercados, exames de tomografia computadorizada para pessoas com histórico de tabagismo – portanto, com mais probabilidade de terem um câncer de pulmão não detectado.

Mas esses exames são caros e produzem uma quantidade substancial de radiação. As biópsias de respiração, ao contrário, são baratas e sem risco. Se sua eficácia for comprovada, elas levarão uma brisa fresca ao campo dos diagnósticos.

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