Quinta-feira, 25 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 9 de fevereiro de 2017
Após escândalos do pleito presidencial americano, neste ano de eleições na Alemanha e na França, políticos exigem que informações mentirosas possam ser denunciadas e marcadas nas redes sociais, sob pena de multas pesadas em alguns casos.
O Facebook pretende combater com maior rigor a disseminação de notícias falsas. Segundo o executivo responsável, Guido Bülow, os usuários passarão a ter a possibilidade de denunciar uma postagem como potencial “fake news”.
Em seguida, os jornalistas do centro de pesquisa Correctiv apurarão os conteúdos, marcando-os como duvidosos, se esse for o caso. O procedimento nada custará para o Facebook: como entidade de utilidade pública, o Correctiv é financiado por fundações e doações.
A maior rede on-line do mundo foi alvo de duras críticas após ter sido usada para divulgar notícias falsas em massa durante a campanha presidencial nos Estados Unidos. A maioria delas era a favor do vencedor do pleito, o republicano Donald Trump.
Um exemplo foi a afirmativa mentirosa de que o papa Francisco havia prometido apoio ao magnata imobiliário. Paralelamente, divulgaram-se informações negativas sobre a candidata democrata, Hillary Clinton. Segundo os críticos, as mentiras podem ter influenciado o resultado nas urnas.
Prevenção na Alemanha
Alemanha teme uma onda de notícias falsas no contexto das eleições legislativas previstas para setembro próximo. Políticos do país reagiram, aumentando a pressão sobre o Facebook, Twitter e outras redes sociais para que adotem medidas mais eficazes do que as atuais para combater as notícias falsas e os comentários de ódio em seus portais.
O ministro alemão da Justiça, Heiko Maas, e Volker Kauder, chefe da bancada parlamentar da União Democrata Cristã, da chanceler federal Angela Merkel, concordaram em exigir que as redes instituam centrais de reclamações facilmente acessíveis, capacitadas a reagir às queixas dos usuários em um prazo de 24 horas.
Do contrário, as operadoras de mídias sociais estão expostas a pesadas penalidades em dinheiro. “A multa deve surtir efeito e, em caso de dúvida, ser dolorosa”, comentou Kauder.
Como explicou Guido Bülow, um processo de verificação em vários estágios se inicia depois que o usuário da Alemanha aponta a existência de uma possível notícia falsa. No fim, a postagem contendo informações comprovadamente falsas é acompanhada por uma advertência, assim como, eventualmente, um link para um artigo com os fatos verdadeiros. “O post em si não desaparece da plataforma, nós não o escondemos, as pessoas podem continuar compartilhando-o”, explica o gerente do Facebook. No entanto a advertência fica “pregada” no texto, passando a acompanhar sempre as versões compartilhadas.
Cuidados na França
Facebook e Google se aliaram a alguns dos principais veículos de imprensa da França para combater a propagação de notícias falsas. A poucos meses das eleições presidenciais francesas, que serão realizadas em abril e maio, o objetivo da parceria é implantar no país um dispositivo similar, de modo a advertir sobre as publicações suspeitas.
Essa funcionalidade permite que os usuários tirem suas dúvidas sobre uma informação. Os veículos de imprensa associados poderão comprovar a notícia e, se confirmada a falta de veracidade, o link em questão passará a ser acompanhado por uma advertência que também aparecerá para todos que tentarem publicá-lo.
As notícias que forem etiquetadas com este sinal não terão a possibilidade de serem exploradas com fins publicitários no Facebook, e o algoritmo que programa a distribuição dos conteúdos aos usuários poderá reduzir a circulação dessa notícia falsa.