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Mundo Escândalos de abuso sexual e de acobertamento de casos envolvendo padres, bispos e cardeais já custaram cerca de 6 bilhões de dólares à Igreja Católica nos Estados Unidos

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Segmento religioso, que corresponde a 30% do eleitorado, foi considerado decisivo nas eleições de 2018. (Foto: Reprodução)

Escândalos de abuso sexual e de acobertamento de casos envolvendo padres, bispos e cardeais já custaram cerca de US$ 6 bilhões à Igreja Católica nos Estados Unidos nas últimas décadas. Mas a quantia gasta em processos, indenizações e tratamento para vítimas pode crescer exponencialmente no curto prazo, dizem especialistas. Isso porque cada vez mais vítimas estão vindo a público. Além disso, Estados americanos começam a mudar leis para revogar a prescrição de crimes. As informações são do jornal Valor Econômico.

Investigação feita por Diane e Jack Ruhl, da Western Michigan University, para a “National Catholic Reporter” mostra que a Igreja Católica nos EUA gastou US$ 4 bilhões em indenizações em casos de abuso sexual cometidos entre 1950 e 2015. Outros cerca de US$ 2 bilhões foram gastos em terapia para vítimas e clérigos acusados e honorários para advogados de defesa, diz Anne Barrett Doyle, codiretora do BishopAccountability, think-tank que rastreia casos de abuso sexual envolvendo o clero.

“Esse número diz respeito a 19.000 vítimas e pode crescer ainda mais porque estamos numa nova era de transparência, na qual mais casos aparecerão nos próximos meses”, diz Doyle, ao lembrar que estudos estimam em mais de 100.000 as vítimas de abuso sexual por clérigos nos EUA. “Além disso, Estados, como Minnesota, estão mudando leis. Crimes que não poderiam mais ser julgados, porque haviam prescrito, passam a ser considerados ativos e podem ser julgados”.

Ela argumenta ainda que procuradores-gerais em 13 Estados americanos intimaram dioceses para ter acesso a seus registros, o que deve trazer mais casos à tona. E mais litígio e indenizações.

Na semana passada, o Departamento de Justiça americano abriu investigação sobre dioceses católicas do Estado da Pensilvânia acusadas de encobrir casos de abuso sexual por décadas. Trata-se da primeira grande investigação sobre abuso sexual na Igreja Católica feita pelo governo federal. Ela ocorre dois meses depois de um documento da Procuradoria da Pensilvânia acusar mais de 300 bispos e outros líderes da Igreja de terem acobertado casos de abusos de mais de mil vítimas por 70 anos.

“Há um ano, eu não diria que os gastos ligados a abusos sexuais na Igreja cresceriam. Não via muito interesse público nem apoio para investigar irregularidades. Hoje o cenário é outro”, afirma Doyle.

Segundo ela, acusações recentes contra Theodore McCarrick, cardeal de Washington que renunciou em julho, ou contra autoridades religiosas na Pensilvânia detonaram um processo que se assemelha ao #metoo, movimento de mulheres contra o assédio sexual que começou em Hollywood.

“Muitas pessoas que sofreram abuso sexual não se manifestam até verem o nome do padre que abusou delas ser acusado publicamente”, observa Jack Ruhl sobre o potencial efeito dominó que as revelações podem ter.

Diante de grandes volumes de indenizações, dioceses passaram a declarar falência nos EUA. Segundo o BishopAccountability, nos últimos 14 anos, 19 de um total de 177 dioceses declararam falência nos EUA em meio a processos por abuso sexual.

“A diocese geralmente declara falência às vésperas do início do julgamento de uma autoridade acusada de abuso”, diz Ruhl. “Isso faz com que indenizações levem anos para serem pagas.”

Um consultor que se dedicou a estudar o impacto financeiro de casos de abuso sexual na Diocese de Rockville Centre, no Estado de Nova York, lembra que cada diocese é uma entidade legal que deve arcar com seus custos e dívidas. Nem a Conferência dos Bispos Católicos dos EUA (USCCB, na sigla em inglês) nem o Vaticano são legalmente obrigados a cobrir custos das dioceses.

“Essa é a razão pela qual muitas dioceses declararam falência. Seus recursos são insuficientes para pagar todas as indenizações, e não há um órgão superior para socorrê-las”, afirma o consultor, que prefere não ter seu nome revelado. “Se declaram falência, as dioceses podem conseguir liquidar suas dívidas para, então, sair da falência e continuar operando”.

A Igreja Católica se vê mergulhada em escândalos não apenas nos EUA, mas também em países como Alemanha e Chile.

Os escândalos de abuso sexual crescem, assim como a insatisfação dos americanos com a Igreja Católica. Pesquisa do Pew Research, do começo de outubro, mostra que apenas três em cada dez católicos nos EUA dizem que o papa está fazendo um bom ou excelente trabalho ao lidar com os casos de abuso. Recentemente, mais de 6.100 teólogos e educadores católicos assinaram uma petição pedindo que todos os bispos americanos ofereçam sua renúncia ao papa, como fizeram recentemente alguns bispos do Chile.

Doyle acredita que, depois de os escândalos atingirem os EUA – maior financiador do Vaticano no mundo – o Brasil pode ser o próximo palco. “Daqui em diante veremos mais e mais casos como esses aparecerem”, diz. “Já temos indícios disso no Chile, na Argentina e no Equador. Mas ainda não vimos nada significativo no Brasil, que tem a maior população católica do mundo.”

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