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Por Redação O Sul | 15 de setembro de 2019
Os recentes apagões que atingiram o sistema elétrico agravaram a crise do sistema de saúde venezuelano. Segundo pesquisa da Universidade Central da Venezuela, apenas 26% dos hospitais do país têm serviço de água diariamente. Em média, os centros médicos contam com 6 horas e 48 minutos de energia elétrica por dia, afetando tratamentos como diálise e respiração mecânica. As informações são do jornal Estado de S. Paulo.
De acordo com o estudo, os apagões e a escassez de água são “um problema crônico” na Venezuela. Em julho, 70,87% dos hospitais contavam com um serviço “intermitente” de água e apenas 26,21% manteve o fornecimento diário de abastecimento.
Nos últimos meses, a entrada de equipamentos básicos de saúde no país, liberada após um acordo entre governo e oposição e intermediado pela Cruz Vermelha, melhorou as condições de atendimento em prontos-socorros e centros cirúrgicos da Venezuela.
Apesar disso, o colapso do sistema de saúde é iminente. A ONG venezuelana Médicos Pela Saúde disse que não conseguiu saber o impacto da ajuda humanitária de Rússia e China, pois não há informação sobre sua distribuição. “Nenhuma ajuda humanitária substitui um sistema de saúde decente”, disse à agência Bloomberg o médico Julio Castro, autor do estudo.
De acordo com o relatório, a escassez de insumos para atendimento básico de saúde nos hospitais venezuelanos ficou em 43,3%. A de instrumentos cirúrgicos foi de 34,1%, uma melhora em relação aos números do último levantamento, em novembro de 2018.
O estudo foi feito nos 40 maiores hospitais da Venezuela em 23 Estados e avaliou a escassez dos 20 principais itens de atendimento básico e os 11 de instrumentação cirúrgica. Ainda de acordo com Castro, a situação é mais crítica em Estados do oeste da Venezuela, como Zulia e Trujillo, já que o governo concentra os recursos em Caracas.
“Nenhum hospital consegue prestar um bom serviço com os níveis de desabastecimento atuais”, disse Castro. “A falta de luz e água não afeta apenas o funcionamento de elevadores e da limpeza, mas também são duas coisas fundamentais para pacientes que precisam de diálise e respiração mecânica.”
Denúncia
Em meio à crise humanitária, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, voltou a acusar seu colega colombiano, Iván Duque, de tentar “assassiná-lo”. O líder chavista disse que apresentaria uma denúncia formal à ONU.
“Temos provas e vamos apresentá-las ao Conselho de Segurança (da ONU). Prova com vídeos, fotos, com todos os depoimentos das testemunhas, de como o governo da Colômbia está preparando terroristas para fazer ataques a alvos militares, civis, institucionais e para tentar assassinar o presidente Maduro”, afirmou o chavista em discurso.
As provas, no entanto, ainda não foram apresentadas. A declaração foi feita na mesma semana em que a troca de acusação entre os dois países alcançou um nível crítico. Caracas ordenou um exercício militar próximo à fronteira colombiana e Bogotá reagiu entrando em alerta máximo.