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Por Redação O Sul | 26 de abril de 2017
A Operação Lava-Jato sempre esteve sob ameaça externa. O clima de disputa eleitoral com a sucessão próxima do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, recomenda cautela diante das alegações de que as investigações sejam alvo, agora, de um ataque interno.
O que está em jogo é a proposta de restringir a 10% a cessão de procuradores a outras unidades do Ministério Público Federal. Janot alega que isso impactaria a Lava-Jato. A sugestão foi apresentada ao Conselho Superior do Ministério Público Federal (CSMPF) em outubro de 2016 pela subprocuradora-geral Raquel Dodge, que não pertence ao grupo ligado a Janot. Como Dodge figura entre os seis pré-candidatos, deverá tirar proveito eleitoral da sugestão.
Os demais candidatos farão o mesmo durante a campanha, contra ou a favor da medida. A ideia foi gestada há algum tempo na Procuradoria da República do Distrito Federal e na Procuradoria da República da 1ª Região.
Essas unidades foram desfalcadas com convocações de procuradores. Janot disse que ficou “perplexo” com a medida. Em março, em carta aos membros do MPF, recomendou aos procuradores “velar pela coesão interna”.
Oito dos dez integrantes do conselho do MP votaram a favor da proposta. Janot pediu vista. A mudança alcança principalmente os membros da equipe de Janot, que admite isso: “Se temos um conjunto de colegas trabalhando em vários setores no gabinete do procurador-geral e se esses setores são mexidos, é óbvio que as atividades [da Lava-Jato] serão atingidas”.
Promoções, exposição pública de procuradores, viagens internacionais, diárias que reforçam contracheques são motivos para gerar oposição quando há uma disputa pelo poder em qualquer órgão. A questão pode afetar mais o grupo de trabalho da Lava-Jato em Brasília, do que a força-tarefa em Curitiba. (Frederico Vasconcelos/Folhapress)