Quinta-feira, 25 de abril de 2024

Porto Alegre

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Mundo Estudo liga crimes de ódio a falas de presidentes e a atentados nos Estados Unidos

Compartilhe esta notícia:

O presidente Donald Trump na Casa Branca. (Foto: Joyce N. Boghosian/The White House/Divulgação)

Um estudo da Universidade da Califórnia liga crimes de ódio a falas de presidentes e a atentados nos Estados Unidos. “Não importa de onde você é, estamos felizes que você seja nosso vizinho”, diz a placa em espanhol, inglês e árabe. “Vidas negras importam”, avisa um outro cartaz. Facilmente encontradas em jardins de casas em Nova York, Washington ou em cidades menores como a pacata Menlo Park, onde fica a sede do Facebook, na Califórnia, as mensagens são um termômetro do aumento desses crimes de ódio no país desde 2015.

Segundo o FBI (polícia federal), crimes de ódio são ações contra uma pessoa ou propriedade motivados pelo preconceito contra uma raça, religião, etnia ou gênero. No estudo da Universidade da Califórnia cuja íntegra deve ser publicada em dezembro, é analisada a relação entre esse tipo de agressão e o discurso depreciativo feito por líderes políticos sobre um grupo social.

O autor do levantamento, Brian Levin, diretor do Centro para Estudo do Ódio e Extremismo da universidade californiana, tem se dedicado a abrir os dados do FBI para analisar picos de violência. Um deles foi o dia seguinte ao da eleição de Donald Trump. Houve 17 crimes de ódio no dia da disputa presidencial e 44 no dia seguinte.

“Aparentemente, declarações públicas amplamente divulgadas e relacionadas a eventos – como ataques terroristas – estão correlacionadas à direção em que os crimes de ódio tomam, de aumento ou queda”, afirma.

Eventos como ataques terroristas, a exemplo da queda das torres gêmeas do World Trade Center em 11 de setembro de 2001, provocam o aumento dos ataques contra um grupo. No caso, o alvo foram os muçulmanos. Segundo a pesquisa, o discurso dos líderes políticos sobre o caso pode ter influência na reação da sociedade.

Levin cita dois momentos diferentes analisados. No primeiro, o presidente republicano George W. Bush fez um discurso pregando a tolerância aos americanos seis dias após a queda das Torres Gêmeas. “Americanos muçulmanos precisam ser tratados com respeito”, disse Bush. Segundo a pesquisa, nos dias subsequentes à fala de Bush os crimes de ódio contra muçulmanos passaram a cair.

Na contramão, o pesquisador analisou a reação a um discurso de Trump em 2015 – quando almejava a indicação do Partido Republicano para concorrer à presidência. Cinco dias após o ataque em San Bernardino, Califórnia, que matou 14 pessoas, Trump pediu a “rejeição em massa” e o “fechamento total” do país à entrada de muçulmanos.

Entre janeiro e dezembro de 2015, a média de crimes de ódio contra muçulmanos era menor do que 1 por dia. Nos cinco dias após o ataque na Califórnia, a média cresceu para 2,8 por dia. Mas, nas duas semanas seguintes, incluindo o período do discurso de Trump, o índice subiu para 3,25 – um aumento de cerca de 385% na comparação com o restante do ano. “Quanto mais isolamos o período após o discurso, vemos como o índice fica maior”, afirma Levin.

Em 2017, já na presidência, Trump anunciou a decisão de barrar a entrada de refugiados de sete países de maioria muçulmana, o que desencadeou uma longa discussão judicial.

Nos anos de eleição nacional aumenta o número de crimes de ódio, diz o pesquisador. Mas há uma particularidade sobre o mês da eleição de Trump: foi o pior novembro da década e o mês com mais ataques desde o primeiro aniversário dos ataques do 11 de Setembro. Em setembro de 2002, o total de crimes de ódio foi de 767. Depois disso, o pior mês foi o da eleição de Trump: 758 ocorrências.

De 2008 a 2014, o total de crimes de ódio compilados pelo FBI caiu ano após ano, indo de mais de 7,7 mil ocorrências para 5,4 mil. Em 2015, o número subiu para 5,8 mil e, em 2016, para 6.121. Os dados de 2017 serão divulgados em novembro, mas o centro de pesquisa sobre o tema coletou dados das dez maiores cidades dos EUA. A conclusão é que de 2016 para 2017 houve um aumento de 12,5% nessas regiões.

O especialista destaca que, normalmente, os picos de violência tinham foco em um grupo – como no caso do 11 de Setembro e ataques a muçulmanos. Agora, segundo ele, há uma dispersão desse tipo de agressão entre diversos setores da sociedade. Os picos de intolerância próximos à eleição também foram acompanhados de discurso de ódio na internet.

“O que um candidato ou presidente diz tem sérias consequências no mundo real. Quando Trump foi eleito presidente, foi quase como ‘oficializar’ o preconceito. Sem dúvida, deu carta branca aos setores preconceituosos e racistas de nossa sociedade para atacar, seja por palavra ou ação, aqueles que se consideram inferiores a eles”, opina Maribel Hastings, diretora da instituição America’s Voice em Espanhol, associação voltada para defesa dos interesses dos imigrantes. Ela lembra que Trump chegou a associar, durante campanha, as taxas de criminalidade no países com a entrada de imigrantes latinos.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Mundo

A inflação maior que o reajuste dado aos beneficiários da Previdência deixa aposentados no vermelho
Os estrangeiros já respondem por 70% dos investimentos em infraestrutura no País
https://www.osul.com.br/estudo-liga-crimes-de-odio-a-falas-de-presidentes-e-a-atentados-nos-estados-unidos/ Estudo liga crimes de ódio a falas de presidentes e a atentados nos Estados Unidos 2018-10-21
Deixe seu comentário
Pode te interessar