Sábado, 20 de abril de 2024

Porto Alegre

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Brasil Estupradores usam aplicativos para atacar: mulheres relatam crimes sexuais após a aproximação por aplicativos de namoro

Compartilhe esta notícia:

O Brasil é o terceiro país com maior número de usuários do Tinder no mundo. (Foto: Reprodução)

“Mãe, você está doente faz tempo demais.” Essa é uma reclamação que a advogada Cristina (nome fictício), 43, tem ouvido do caçula, de 7 anos, no último mês por perceber a mãe sempre triste e agora com 9 kg a mais.

O peso extra foi efeito dos remédios profiláticos contra sífilis que teve de começar a tomar. Por causa disso, Cristina perdeu quase todas as suas roupas. “Me desculpe pelo atraso, não tenho mais roupa para vestir. Tive de revirar todo meu armário”, afirmou à Folha de S. Paulo após atrasar 40 minutos para a entrevista.

Cristina não está doente. Ela só não sabe mais como esconder a verdade do filho: que está se recuperando de um trauma após ter sido estuprada por um rapaz que conheceu no Tinder – um aplicativo de relacionamentos. Além do menino, Cristina também tem uma filha, de 11 anos, ambos frutos do casamento que terminou no começo do ano. Para a mais velha, a advogada contou tudo.

Pelo aplicativo para celular, os usuários se apresentam por meio de fotos e podem trocar “curtidas” entre si. Quando duas pessoas se curtem mutuamente, acontece o famoso “match” – quando só então o dispositivo permite o envio de mensagens ao outro.

“Fiquei vários dias conversando com o cara. E no dia 20 de agosto decidi sair com ele. Fomos para minha casa. Ele me obrigou a fazer sexo anal e eu não queria. Fiquei toda machucada”, disse Cristina. O rapaz, segundo a advogada, se apresentava no app pelo nome de um jogador de futebol. Cristina nem suspeitou, até porque nunca foi muito ligada ao esporte.

Para ganhar a confiança dela, o homem chegou até a dar números de CPF e RG, o que tranquilizou a advogada. Tudo falso, o que, no entanto, ela foi saber só mais tarde, quando descobriu outra vítima do mesmo homem – no mês de setembro. Essa segunda mulher foi à polícia, mas não quis dar entrevista. Segundo Cristina, o rapaz também agia, com uma identidade diferente, no Happn, outro aplicativo de namoro, semelhante ao Tinder.

Camila (nome fictício), 19 anos, passou por situação muito parecida no ano passado. Aconteceu quando a estudante topou assistir a um filme na casa do novo paquera que conheceu pelo Happn.

“Ele começou a alisar meu corpo e ia descendo a mão. E eu tirava. Mas ele continuou, até colocar a mão lá. Não consegui tirar a mão dele, não deu. Pedia para parar, mas ele continuou”, disse a estudante. “Ele inseriu os dedos lá dentro e eu não conseguia fazer com que ele parasse.”

Tanto o caso de Camila quanto o de Cristina aconteceram em São Paulo. Só na capital paulista, até agosto, foram registradas 1.574 ocorrências de estupro, maior índice dos últimos três anos.

A Secretaria da Segurança Pública paulista não sabe informar quantos casos aconteceram por meio do uso de aplicativos de relacionamento – que tiveram forte expansão no país nos últimos anos. A subnotificação também é frequente em crimes de estupro, por motivos como medo e vergonha das mulheres.

O Tinder, lançado em 2014, foi procurado pela Folha de S. Paulo, mas não se manifestou. O Brasil é o terceiro país com maior número de usuários (10 milhões) da plataforma no mundo. O Happn afirma que a segurança do usuário é “prioridade” da empresa. Lançado em 2015 no Brasil, tem 5,4 milhões de usuários no País.

“Incentivamos que as pessoas sigam precauções de segurança ao conhecer alguém, incluindo se encontrar em lugar público e manter família e amigos informados”, diz o Happn, que também afirma estar à disposição das autoridades para investigações.

A advogada criminalista Roselle Soglio, especialista em perícias criminais, explica que as penas em casos de violência sexual variam de acordo com o enquadramento do caso e podem chegar a 12 anos de prisão, segundo o código penal. “Em todos eles a lei determina reclusão. Não há penas alternativas”, diz.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Brasil

O PSDB vai discutir a denúncia contra o presidente Michel Temer nesta terça-feira
Saiba como escapar dos golpes na internet. As ofertas de dinheiro fácil e outras propostas “imperdíveis” são iscas para instalar programas maliciosos no seu computador e se apoderar de senhas e outros dados bancários
https://www.osul.com.br/estupradores-usam-aplicativos-para-atacar-mulheres-relatam-crimes-sexuais-apos-a-aproximacao-por-apps-de-namoro/ Estupradores usam aplicativos para atacar: mulheres relatam crimes sexuais após a aproximação por aplicativos de namoro 2017-10-01
Deixe seu comentário
Pode te interessar