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Colunistas Europeus apostaram na filosofia e se ferraram! Brasil está certo!

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Quem nada sabe de filosofia nunca vai entender o que é o sujeito autoritário da modernidade. (Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

O Presidente Bolsonaro postou, nesta sexta-feira, na neocaverna (twitter), o seguinte:

“O Ministro da Educação Abrahan W. estuda descentralizar investimento em faculdades de filosofia e sociologia (humanas). Alunos já matriculados não serão afetados. O objetivo é focar em áreas que gerem retorno imediato ao contribuinte, como: veterinária, engenharia e medicina”.

O Ministro da Educação disse que quem quiser estudar filosofia pode, mas em universidade particular. E coisas desse gênero. Há distorções no ensino público? Sim. Mas, é para tanto? Atirar a água suja da bacia fora… com a criança dentro?

Permito-me dizer: É o Brasil indo na contramão dos grandes países. A Alemanha, por exemplo, sempre apostou no ensino público e dele surgiram os grandes filósofos e sociólogos que compõem a estrutura do pensamento alemão.

O mesmo ocorre (e ocorreu) em outros países como Suíça, França e Espanha, onde o ensino público – e a medicina pública (registro) – são o pilar da sociedade e, consequentemente, da firmeza da democracia, hoje.

Parece que, no Brasil, tem gente que pensa que é possível fazer mundo sem filosofia. Pensam, por exemplo, que fazer medicina é possível sem filosofia, quando a história das ciências é grega em sua essência.

A falta de filosofia, e das ciências do espírito em geral, pode ser o fator que comanda o modo como parte da sociedade e o próprio governo tratam da ciência. Formou-se uma onda anti-intelectualista. Colocam a culpa dos males do Brasil no conhecimento e na ciência. Fala-se em marxismo cultural. Ora, se houvesse isso, o Brasil já seria “marxista”, embora Bolsonaro e quejandos aposte que, de fato, o Brasil já é comunista. Ate o jornal Estadão é taxado de comunista, para se ter uma ideia.

Interessante é que, por detrás dessa onda do Know Nothing (Não Saber ou Saber Nenhum), em que cursos de filosofia e sociologia são colocados como culpados dos males do Brasil (a ponto de pretender, como disseram Bolsonaro e o Ministro, extinguir as faculdades no âmbito público), está alguém que se diz filósofo, embora seja astrólogo. Ele insufla o governo a acabar com aquilo que ele diz ser seu maior cabedal: a filosofia (embora 90% das pessoas peça vista dos autos, contestando o fato do “ser um filósofo”). Quer terra arrasada. Grau zero.

De todo modo, dá para entender por que Bolsonaro e seu Ministro da Educação – insuflados por Olavo – queiram acabar com esses cursos “menores” e “que não dão retorno imediato”: nem o próprio guru frequentou faculdade.

Logo, porque frequentar faculdade de filosofia para pensar o mundo, como é próprio da philo-sofia?

Se alguém acha que pode dispensar filosofia, é porque, de fato, nunca leu Platão, Aristóteles, Aquino, Descartes…, embora eles estejam na sua vida. Não vai entender nunca as razões pelas quais, ele próprio (aquele quem diz isso), é tão autoritário. Afinal, quem nada sabe de filosofia nunca vai entender o que é o sujeito autoritário da modernidade, que ainda não foi domado na contemporaneidade. Não vai entender a barbárie interior do sujeito moderno.

Bom, para isso teria de saber que o mundo ocidental passou por “princípios epocais”, formadores de nosso imaginário, como o eidos, a ousia, o ens creatum, o cogito, o eu penso, o eu absoluto, a vontade do poder e o mais perigoso de todos: o tecnicismo. Sim, esta era da técnica, como diria Heidegger, que possibilitou as grandes atrocidades.

E, para mim, a maior delas é a técnica pela qual se construiu a neocaverna, composta pelas redes sociais pelas quais já não se precisa estudar nada. Tenho uma tia que é analfabeta e, agora, com o advento das neocavernas, virou cientista política. Simples assim. Viva o know nothing, como diria MacIntyre, em sua distopia denunciando o emotivismo, outra praga contemporânea responsável pelo opinionismo.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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STF e censura
https://www.osul.com.br/europeus-apostaram-na-filosofia-e-se-ferraram-brasil-esta-certo/ Europeus apostaram na filosofia e se ferraram! Brasil está certo! 2019-04-27
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