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Por Redação O Sul | 27 de janeiro de 2016
A ex-ministra Erenice Guerra prestou depoimento à PF (Polícia Federal) em dezembro, no qual confirmou que atuou com um dos investigados da Operação Zelotes no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) enquanto ele ainda era conselheiro do órgão, ligado ao Ministério da Fazenda.
Ministra da Casa Civil de abril a setembro de 2010, durante o governo Lula, Erenice foi ouvida no inquérito sobre a suposta compra de MPs (medidas provisórias) que prorrogaram incentivos fiscais a montadoras.
Ela negou ter recebido oferta de propina para interferir em MPs, mas admitiu atuação conjunta entre o escritório de advocacia dela e o JR Silva Advogados, de José Ricardo da Silva, ex-conselheiro do Carf e que foi preso na Operação Zelotes. O contrato era para solucionar uma grande dívida da empresa chinesa Huawei, que terminaria justamente no Carf.
No depoimento, a ex-ministra foi perguntada se considerava ética a subcontratação de advogados para atuar no orgão em que eram nomeados como conselheiros. Ela disse que conversou diversas vezes com José Ricardo, e que ele insistia que não havia impedimento para advogar junto ao Carf, mesmo sendo conselheiro do órgão.
Erenice afirmou também que seu irmão e sócio no escritório de advocacia, Antonio Eudacy Alves de Carvalho, solicitou sua ajuda para conseguir nomear José Ricardo como conselheiro do Carf.
Ela disse que não tinha influência para isso e que só se lembrou de ter recebido esse pedido quando já tinha deixado o cargo de ministra da Casa Civil e teve seu sigilo de e-mails quebrado em uma investigação sobre suposto tráfico de influência, que foi arquivada.
A ex-ministra disse que conheceu outro lobista, Alexandre Paes dos Santos, conhecido como APS, em 2011. E que apresentou o lobista, hoje preso, a empresários.
Erenice admite ter levado APS em uma viagem a São Paulo, mas não se recorda quem pagou as despesas. Disse que acha que foi com dinheiro dela. (AG)