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Por Redação O Sul | 13 de junho de 2017
O ex-presidente do Panamá Ricardo Martinelli foi preso nesta segunda-feira (12) em Coral Gables, na Flórida, disse o porta-voz do serviço U.S. Marshals, unidade da polícia federal americana, Barry Golden. Segundo o porta-voz, Martinelli deverá se apresentar em uma corte de Miami nesta terça, informa a agência Reuters.
A Interpol havia emitido uma ordem de prisão de Martinelli no mês passado. Ele é acusado de usar dinheiro público para espionar ilegalmente mais de 150 pessoas de seu país durante seu mandato presidencial de 2009 a 2014.
De acordo com a France Presse, o ex-presidente também é investigado pela justiça panamenha por inúmeros casos de corrupção durante seu governo. Ele vivia em um exílio voluntário em Miami.
Filhos envolvidos no caso Odebrecht
Seus filhos, Ricardo e Luis Enrique Martinelli Linares, foram acusados no Panamá de cobrar propina da Odebrecht. Segundo o Ministério Público panamenho, “três sociedades anônimas em que aparecem como beneficiários os filhos do ex-mandatário receberam valores milionários entre 2009 e 2012”.
Segundo o jornal “La Estrella de Panama”, as transferências foram feitas “através de várias empresas offshore que a construtora Odebrecht utilizou para fazer pagamentos indevidos a funcionários públicos ao redor do mundo”.
Ricardo e Luis Enrique Martinelli teriam recebido mais de 20 milhões de euros através de várias sociedades, segundo as investigações. A Odebrecht pagou no Panamá, entre 2010 e 2014, mais de US$ 59 milhões em subornos em troca de contratos avaliados em mais de 175 milhões de dólares, segundo o Departamento de Justiça dos Estados Unidos.
A procuradora-chefe do Panamá, Kenia Porcell, informou na época que formularam acusações contra 17 pessoas pelo escândalo da Odebrecht no Panamá, incluindo três ex-funcionários “de alta hierarquia”, uma dezena de empresários e um funcionário do setor financeiro, mas sem revelar nomes.
Propina em 12 países
Em acordo de leniência firmado com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, derivado das investigações da Lava Jato, a Odebrecht admitiu ter pago em propina US$ 788 milhões entre 2001 e 2016 e a Braskem, US$ 250 milhões entre 2006 e 2014, a funcionários do governo, representantes desses funcionários e partidos políticos do Brasil e de outros 11 países. Para o órgão dos EUA, é o “maior caso de suborno internacional na história”.
A construtora brasileira pagou propina para garantir contratos em mais de 100 projetos em Angola, Argentina, Brasil, Colômbia, República Dominicana, Equador, Guatemala, México, Moçambique, Panamá, Peru e Venezuela, segundo o Departamento de Justiça dos EUA.
Os acordos com os Estados Unidos foram assinados porque parte do dinheiro da propina paga pela Odebrecht foi destinada a bancos norte-americanos. Além disso, há projetos da empreiteira no país. Há, ainda, a suspeita do governo americano de que cidadãos ou empresas daquele país tenham cometido crimes em acordos com a Odebrecht. (AG)