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Por Redação O Sul | 14 de junho de 2017
Antônio Fernando Barros e Silva de Souza e Cláudio Lemos Fonteles, ex-procuradores-gerais da República, disseram que o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva não interferiu no trabalho da PGR (Procuradoria-Geral da República). Os dois prestaram depoimento à Justiça Federal do Paraná na manhã dessa quarta-feira por videoconferência com Brasília (DF). Eles foram arrolados como testemunhas de defesa de Lula, que é réu nesta ação penal da Operação Lava-Jato.
“Nunca, em nenhum momento, houve qualquer pedido direto ou indiretamente sobre as atividades que eram da minha atribuição nem de outros colegas do Ministério Público”, afirmou Antônio Fernando Barros e Silva de Souza.
O ex-procurador ganhou notoriedade no cargo ao apresentar ao STF (Supremo Tribunal Federal) a denúncia que levou às condenações do mensalão. Antônio Fernando Barros e Silva de Souza ainda disse que houve “mecanismos de aprimoramentos” nos órgãos do governo federal que combatem à corrupção durante a gestão de Lula.
Cláudio Lemos Fonteles, que foi procurador-geral da República entre os anos de 2003 e 2005, falou sobre a indicação do então presidente Lula, pouco depois de assumir o mandato, para que ele assumisse o cargo.
De acordo com Cláudio Lemos Fonteles, Lula respeitou a autonomia do Ministério Público da União ao nomeá-lo após a Associação Nacional dos Procuradores ter feito uma lista, em que ele foi colocado em primeiro lugar. “O presidente confirmou a vontade da classe”, pontuou.
Cada um dos ex-procuradores-gerais falou por cerca de seis minutos, respondendo às perguntas de Cristiano Zanin Martins, um dos advogados de Lula.
Bate-boca
Durante o depoimento do ex-diretor da PF (Polícia Federal) Luiz Fernando Correa, também arrolado como testemunha de defesa do ex-presidente, houve uma breve discussão entre Cristiano Zanin Martins e o juiz federal Sérgio Moro, que é o responsável pelos processos da Operação Lava-Jato na primeira instância.
“Desde o início desse depoimento, o doutor só fez perguntas que já foram feitas, então, vamos às perguntas complementares”, falou Sérgio Moro.
O advogado então disse que o Ministério Público Federal fez o mesmo. Neste momento, a procuradora do MPF Isabel Cristina Groba Vieira interveio e negou a afirmação feita por Cristiano Zanin Martins, alegando que fez apenas questões complementares.
Sérgio Moro chegou a perguntar ao advogado: “Tem perguntas novas para a testemunha ou nós estamos perdendo tempo novamente?”.
Por meio de nota, Cristiano Zanin Martins afirmou que, na audiência desta quarta-feira, houve novamente o “cerceamento ao diretio de defesa e o desrespeito à atuação dos advogados”. Antes do bate-boca, o ex-diretor da PF afirmou que Lula incentivou as ações de repressão e de prevencão à criminalidade, além de “pontecializar a evolução da Polícia Federal”.