Esporte Ex-vice-presidente da Fifa diz temer pela sua vida e promete “avalanche de escândalos”
Por Redação O Sul | 5 de junho de 2015
O ex-vice-presidente da Fifa (entidade máxima do futebol) Jack Warner fez nesta semana uma aparição pública em um canal de televisão de seu país, Trinidad e Tobago, e afirmou que teme por sua vida diante do envolvimento de seu nome na investigação do FBI (polícia federal norte-americana) sobre o escândalo de corrupção. Além disso, Warner, que também dirigiu a Concacaf (Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe), alvo da Interpol (polícia internacional) e da Justiça dos EUA, prometeu apresentar documentos que revelariam uma suposta relação entre a Fifa e as eleições presidenciais do ano de 2010 em Trinidad e Tobago.
“Eu certamente temo pela minha vida. Coloco meu futuro nas mãos das pessoas. Eu disse a verdade nas minhas declarações. Meus advogados estão fazendo contato com as autoridades, dentro e fora de Trinidad e Tobago, com relação às declarações que eu fiz. Eu permaneci calado. Eu não vou mais fazer isso”, diz Warner no vídeo.
“Nem mesmo a morte impedirá a avalanche de chegar. Não há mais volta. Deixem as fichas caírem onde caírem”, completa.
O vídeo foi transmitido horas depois da divulgação da transcrição do depoimento em que Chuck Blazer (ex-membro do comitê executivo da Fifa e ex-presidente da Concacaf) afirma que ele e outros executivos receberam propina para escolher a África do Sul como sede da Copa do Mundo de 2010. “Ele causou o meu fim. Eu não causei isso. Blatter [Joseph, presidente eleito da Fifa, que entregou o cargo nesta semana] sabe por que ele caiu e eu também sei. Eu nunca recebi nenhum suborno da África do Sul”, comenta Warner.
Insistindo ser inocente, o ex-vice-presidente da entidade máxima do futebol se apresentou às autoridades de Trinidad e Tobago no dia 27 de maio, após estas terem recebido um pedido de detenção por parte dos EUA. Warner, no entanto, deixou a prisão de ambulância um dia depois, após ser libertado sob fiança, estipulada em 394 mil dólares (cerca de 1,25 milhão de reais), de acordo com a executiva legal da Autoridade Central do país, Kylene Deosingh.
África do Sul
Os investigadores dos Estados Unidos acusam o governo sul-africano e o comitê de candidatura para o Mundial de 2010 de terem pago 10 milhões de dólares (31,7 milhões de reais) para Warner em troca de três votos a favor da África do Sul. No domingo (31), o presidente da Federação Sul-africana de Futebol, Danny Jordaan, reconheceu que o país pagou o montante à Fifa em 2008, mas negou que fosse suborno.
O valor, destinado a um fundo de desenvolvimento da Concacaf, foi, segundo o jornal “Sunday Independent”, deduzido dos 100 milhões de dólares pagos à África do Sul pela Fifa para a organização da Copa do Mundo de 2010. O dinheiro foi movimentado pela Fifa, conforme informações da Justiça norte-americana, e envolveria outro dirigente sul-africano, o “cúmplice N.16”, cuja identidade não foi revelada.
“Como poderíamos ter pago propina quatro anos depois de termos sido eleitos?”, questionou Jordaan, que acaba de ser eleito prefeito de Nelson Mandela Bay, município de Port Elizabeth. “Nunca paguei ou aceitei propina ou algo parecido em toda minha vida. Não sabemos quem foi mencionado aqui”, afirmou, referindo-se ao “cúmplice N.16”. “Não quero acreditar que estejam falando de mim”, completou. (Folhapress)
