Quinta-feira, 18 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 13 de janeiro de 2016
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Às vezes é preciso avivar a memória para recuperar valores. O discurso do embaixador Souza Dantas, durante a instalação da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, em Londres, a 13 de janeiro de 1946 é um exemplo por expressar a grandeza do sentimento pacificador, característica histórica da nossa diplomacia. Como chefe da delegação brasileira no evento de Londres, o pronunciamento de Dantas deveria ser lido e relido pelos que conduzem hoje a política externa.
O trecho inicial:
“A história diplomática do Brasil foi invariavelmente escrita por meio de tratados e acordos que se revestem da característica de seu espírito de compreensão e de solidariedade. E foi por essa razão que lançou mão das armas para servir a causa dos povos ameaçados na sua independência e na sua integridade. O sangue derramado por seus filhos misturou-se ao dos demais soldados aliados. É por esta razão que, em nome dos nossos soldados que tombaram pela vitória comum nos colocamos a vosso lado, a bem da obra de reconstrução que a todos incumbe.”
Adiante, afirmou:
“Para que os canhões não voltem a tronar jamais, é necessário, pois, desarmar, por assim dizer, o coração dos homens, e expurgá-lo de todos os preconceitos de raça, de nacionalidade e de religião, purificá-lo e arrancar-lhe as ambições e imbuí-lo do mais sublime sentimento – o da Fraternidade”.
A parte final do pronunciamento do embaixador Souza Dantas:
“Sem o apoio de uma opinião pública livremente orientada e instruída, toda e qualquer tentativa de organização internacional será ilusória, sobretudo enquanto as forças materiais, postas em jogo pelo gênio do homem, tenham probabilidade de violar os princípios comezinhos da solidariedade”.
Desde 2003, o governo brasileiro tem se aproximado de países e organizações que defendem a beligerância. Posição contraditória com a nobreza de propósitos defendida há 70 anos.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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