| FBI e procuradores dos Estados Unidos investigam presidente da Fifa que renunciou
Por Redação O Sul | 3 de junho de 2015
Joseph Blatter, que renunciou à presidência da Fifa na terça-feira (2), estaria sob investigação da procuradoria do Estado de Nova York (EUA) no processo que prendeu sete cartolas na semana passada. A informação foi publicada pela rede de TV ABC News e o jornal New York Times. Segundo os dois veículos, as autoridades norte-americanas estavam tentando construir um caso contra o cartola suíço, que até então não havia sido implicado diretamente no caso.
A ABC News publicou, horas depois do anúncio de renúncia de Blatter, que uma fonte ligada às investigações confirmou que o suíço está na lista de suspeitos dos procuradores, ainda que não tenha sido citado nominalmente semana passada.
Em parceria com o FBI (polícia federal norte-americana), a Receita norte-americana e a Justiça da Suíça, os investigadores indiciaram 14 pessoas ligadas ao escândalo e prenderam sete delas em Zurique (Suíça), onde ocorria o Congresso da Fifa – José Maria Marin, ex-presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), está entre os presos.
Blatter não teria sido citado, segundo a rede de TV “ABC News”, porque as autoridades não reuniram informações suficientes sobre ele. A fonte anônima, no entanto, confirmou que o cartola está sob investigação e disse acreditar que a exposição dos fatos levaria subordinados de dentro da Fifa a ajudarem na investigação.
Na segunda-feira (1°), o jornal “New York Times” publicou que a investigação nos EUA aponta Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa e braço direito de Blatter, como principal suspeito de ter autorizado o repasse de 10 milhões de dólares de uma conta da Fifa para um dirigente da Concacaf (Confederação das Américas Central e do Norte) e dois dirigentes do Congo.
As autoridades apuraram que o repasse seria um pagamento de propina da África do Sul pelo apoio de cartolas da América do Norte na disputa pela sede da Copa do Mundo de 2010. Valcke e a Fifa disseram que quem autorizou o repasse foi Julio Grondona, cartola argentino que morreu no ano passado, e negaram qualquer ilegalidade.
Segundo as partes, seria uma doação da África do Sul ao futebol da região do Caribe e da América do Norte, que teriam ajudado o continente africano na diáspora da região. À procuradoria de Nova York, porém, o norte-americano Chuck Blazer, ex-membro do Comitê Executivo, disse que os cartolas entenderam que se tratava de um pagamento pelo voto do grupo na África do Sul na eleição ocorrida anos antes. Esse conjunto de informações aproximou a investigação de Blatter. Essa proximidade foi o “fato novo” em relação ao que estava ocorrendo na semana passada, quando o dirigente suíço foi reeleito e prometeu cumprir o mandato e tentar, ele mesmo, resolver o problema da corrupção no esporte.
Candidaturas
O presidente da Uefa, Michel Platini, surge como uma aposta natural para a eleição que deve ocorrer na Fifa até março de 2016. Em comunicado no site da Uefa, ele apenas saudou a renúncia. “Foi uma decisão difícil e corajosa, e é a decisão correta.”
Dois fatores contam contra o francês, que se recusou a enfrentar Blatter na eleição. Ele não terá, por exemplo, o apoio das influentes federações espanhola e francesa, alinhadas à gestão de Blatter. Além disso, seu nome foi alvo das denúncias de compra de votos na escolha da sede da Copa no Qatar, o que teria motivado sua desistência.
O estrago da queda de Blatter, porém, foi tão grande que não sobra nenhum nome viável e óbvio entre seus aliados. Valcke, preparado para sucedê-lo, agora deve se afastar após ser citado no escândalo da propina. O príncipe jordaniano Ali bin Al-Hussein, que enfrentou Blatter na eleição (perdeu por 133 a 73), irá concorrer novamente.
“Estou à disposição. Foi uma campanha muito desgastante para mim e para todos de meu comitê, mas estou aí. Queremos ajudar. Acho que temos muito trabalho para consertar a organização da maneira correta”. (Agências nacionais)
