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Por Redação O Sul | 8 de novembro de 2017
Nessa quarta-feira, a Justiça do cantão suíço de Berna (Suíça) decidiu não abrir processo contra o cineasta franco-polonês Roman Polanski por uma nova acusação de agressão sexual contra uma adolescente. A decisão levou em conta que o suposto crime teria ocorrido em 1972 mas prescreveu em 1987.
No dia 9 de outubro, a Procuradoria de Berna havia assumido a investigação, cujo objetivo era descobrir se Polanski cometeu o abuso, em um chalé na cidade de Gstaad, onde costumava passar longas temporadas.
A denúncia foi apresentada inicialmente em 26 de setembro à Polícia cantonal de Saint Gallen. O passo seguinte foi a Procuradoria local solicitar a mudança da investigação para a jurisdição de Berna.
A acusação foi feita pela ex-atriz alemã Renate Langer, hoje com 61 anos e que tinha 15 anos quando ocorreu a suposta agressão sexual. Ela diz ter conhecido Polanski quando era modelo em Munique (Alemanha) e, com a possibilidade de ser contratada, decidiu visitar o diretor em sua casa em Gstaad, onde teria sofrido o ataque.
Renate já é a quarta mulher a acusar Polanski de agressão sexual. Em 1977, o cineasta, atualmente com 84 anos, reconheceu ter mantido relações sexuais com Samantha Geimer, uma menor de 13 anos. Ele se declarou culpado e passou 42 dias na prisão, mas obteve a liberdade por meio do pagamento de uma fiança. Temendo ter que voltar à prisão para cumprir uma pena muito mais severa, o cineasta acabou fugindo dos Estados Unidos no final de 1978.
O caso segue aberto e, entre 2009 e 2010, Polanski teve que cumprir sete meses de prisão domiciliar na Suíça – em Gstaad – e foi alvo de um pedido de extradição por parte dos Estados Unidos, mas que nunca foi formalizado.
Em 2010, a atriz britânica Charlotte Lewis também acusou o diretor de tê-la forçado a manter relações sexuais quando ela tinha 16 anos. Mais recentemente, uma terceira mulher identificada apenas como Robin acrescentou o seu relato de suposta vítima de abuso pelo cineasta quando tinha 16 anos, em 1973.
Protesto
No dia 30 de outubro, uma associação feminista protestou contra a realização de uma retrospectiva de filmes de Polanski, organizada pela academia Cinémathèque em Paris (França), em homenagem à carreira do cineasta, que inclui filmes como “O Bebê de Rosemary” (1968) e “O Pianista” (2002).
“Para nós, o importante é cancelar a retrospectiva, obter um pedido de desculpas da Cinémathèque e uma conscientização”, declarou à imprensa, na ocasião, uma das líderes do grupo, Raphaelle Rémy-Leleu. Uma petição cobrando o cancelamento da homenagem a Polanski chegou a reunir mais de 26 mil assinaturas.
Apesar da reação negativa, a retrospectiva não foi cancelada. “Fiel aos seus valores e à sua tradição de independência, a Cinémathèque não pretende ser substituída por qualquer forma de justiça não oficial”, afirmou a instituição presidida pelo diretor grego Constantin Costa-Gavras, denunciando tentativa de “censura”.