Quinta-feira, 25 de abril de 2024

Porto Alegre

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Economia Fiergs acredita que a recessão vai continuar em 2016

Compartilhe esta notícia:

Presidente da Fiergs, Heitor José Müller, e o economista chefe da entidade, André Nunes de Nunes, apresentam o balanço. (Foto: Lucas Uebel/ O Sul)

Foi apresentado, nesta terça-feira (8), na sede da Fiergs (Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul), o Balanço 2015 e Perspectivas 2016 da Economia. A crise brasileira, como não poderia ser diferente, foi o tema principal da apresentação. De acordo com o presidente da entidade, Heitor José Müller, a deterioração da economia se deve, principalmente, a crise política. “O Brasil está em um labirinto. Como sair dele é que é uma incógnita. Mas a retomada da economia depende desta saída”, destacou.

Para 2016, muito dos elementos que fizeram parte da conjuntura econômica de 2015 continuarão presentes. (Foto: Lucas Uebel/ O Sul)

Para 2016, muito dos elementos que fizeram parte da conjuntura econômica de 2015 continuarão presentes. (Foto: Lucas Uebel/ O Sul)

Segundo o balanço apresentado pelo economista chefe da Fiergs, André Nunes de Nunes, a economia brasileira em 2015 apresentou intensa deterioração em todos os seus principais indicadores econômicos. A queda projetada de 3,5% e a perspectiva de nova retração em 2016 são os sinais de que estamos em uma das maiores recessões da nossa história. A consequência é a redução da confiança que afasta os investimentos e retrai o consumo, bem como coloca em questionamento a estabilidade da economia brasileira.

Diferentemente do que ocorreu no passado recente, o Brasil não foi atingido por uma crise externa: desta vez a causa é interna. Diante desse quadro, a diminuição do emprego formal tende a ser a sua pior dimensão, pois a expansão do mercado de trabalho foi a base para uma série de melhorias na sociedade brasileira. Nesse sentido, a taxa de desemprego cresceu de maneira consistente ao longo de 2015. No acumulado do ano até setembro foram destruídos 1,2 milhão de postos de trabalho, número que tende a aumentar em 2016, uma vez que a análise da conjuntura revela que não há um vetor de crescimento que possa puxar a recuperação da economia no curto prazo. “O Brasil paga o custo de não fazer”, afirmou Müller sobre pautas que não são discutidas e votadas no Congresso Nacional, como o ajuste fiscal e as reformas estruturais da economia.

"Até 2017 não teremos o que festejar na indústria", avisou Müller. (Foto: Lucas Uebel/ O Sul)

“Até 2017 não teremos o que festejar na indústria”, avisou Müller. (Foto: Lucas Uebel/ O Sul)

Indústria.

A situação da indústria também se deteriorou intensamente em 2015, muito além do cenário projetado no final do ano passado. A queda esperada para esse ano é de 7,0% para a indústria brasileira e de 9,1% para a gaúcha. Além das taxas recordes, a combinação da ociosidade do parque fabril e o menor nível histórico na confiança dos empresários desencadeou um processo intenso de demissões. Vale lembrar que a indústria de transformação, nos últimos anos, mesmo com grandes dificuldades de competir no mercado doméstico, procurou reter seus quadros, diante da baixa oferta de mão de obra do País, absorvida pelos setores mais dinâmicos como o Comércio, a Construção civil e os Serviços.

Contudo, a falta de perspectiva de retomada e diante de um aumento nas dificuldades financeiras, muitas empresas do setor ficaram sem alternativas, a não ser readequar o seu tamanho à nova realidade do mercado. Por outro lado, a elevada ociosidade do parque industrial e a maior disponibilidade de trabalhadores qualificados deixa o setor numa posição de prontidão e à espera de uma melhora na confiança dos agentes para iniciar um processo de retomada. Para 2016, muito dos elementos que fizeram parte da conjuntura econômica de 2015 continuarão presentes. Assim, permaneceremos com uma recessão disseminada entre os setores da economia. “Até 2017 não teremos o que festejar na indústria”, avisou Müller.

Os cenários para 2016 foram construídos tendo como base a expectativa de uma crise crônica e longa com muita instabilidade política. No cenário base, a tendência é que a economia brasileira amenize o ritmo de queda, na medida em que a atividade atingiu mínimas históricas. A recessão permanece na maior parte do ano, mas a previsão de retração de 2,5% no PIB é menos intensa na comparação com 2015 (-3,5%). Nesse cenário, o consumo das famílias tende a manter a trajetória de queda, acompanhando o aumento do desemprego e a retração na renda real. Além disso, em períodos de crise fiscal, dada a forte rigidez imposta sobre o orçamento público, os investimentos são ainda mais penalizados. De acordo com Müller, após encontros com investidores alemães e japoneses, estes esperam apenas uma solução e um desfecho na situação política do Brasil para voltar a acreditar e investir no País.

Nunes afirmou que, confirmando-se as expectativas de continuidade da crise, teremos a maior recessão em 114 anos no Brasil. Foto: Lucas Uebel/ O Sul

Nunes afirmou que, confirmando-se as expectativas de continuidade da crise, teremos a maior recessão em 114 anos no Brasil. Foto: Lucas Uebel/ O Sul

Economia gaúcha.

No Rio Grande do Sul, o aumento do ICMS terá impactos sobre a economia, principalmente através da redução do consumo e do nível de atividade da indústria e do comércio. Na indústria gaúcha, há algumas atividades que podem se beneficiar da taxa de câmbio mais desvalorizada, contudo isso não será suficiente para alavancar o desempenho do segmento. No caso do setor primário, a expectativa é de uma queda na produção, mas isso não significa uma quebra de safra, apenas que as condições de produtividade estarão piores do que aquelas encontradas em 2015. Portanto, diferentemente do que tivemos neste ano, espera-se que em 2016 a queda no PIB do RS seja maior do que a registrada no Brasil. O fato mais preocupante é que o RS ingressará no terceiro ano consecutivo de retração da sua economia.

“O Estado gasta mal e mais com arrecadação”, explicou o presidente. Segundo ele, a arrecadação do Rio Grande do Sul cresceu 145% nos últimos 20 anos. Por outro lado, no mesmo período, o PIB (Produto Interno Bruto) do Estado cresceu apenas 56% e a indústria ainda menos, 28%.

O cenário base contempla a recessão que tende a se intensificar em todos os setores. A queda projetada de 2,8% do PIB em 2015 deve se acelerar para 3,0% em 2016. A Agricultura colherá uma safra boa (perto da recorde), mas insuficiente para impulsionar o crescimento do PIB. Em termos setoriais, a Indústria metalmecânica ainda sofrerá com a queda nos investimentos, crédito mais restrito e caro. Por outro lado, Alimentos e Couro e Calçados conseguem se beneficiar mais intensamente da desvalorização cambial e tendem a cair menos. Pelo lado do consumo das famílias, mesmo considerando que essa variável aqui tende a ser um pouco mais rígida do que a média do Brasil, por conta do peso do setor público e transferências previdenciárias, o aumento do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) terá impactos negativos sobre o desempenho econômico. Além disso, a parada da atividade do setor público estadual e o risco de atraso de salários do funcionalismo estadual deverão permanecer para 2016. No cenário superior, uma recuperação em nível nacional pode começar lentamente e a retomada mais forte da atividade no segundo semestre indica um resultado de estagnação para o ano que vem.

Müller destacou a importância do empreendedorismo em situações de crise, e falou em esperança. Foto: Lucas Uebel/O Sul

Müller destacou a importância do empreendedorismo em situações de crise, e falou em esperança. Foto: Lucas Uebel/O Sul

Dentro desse melhor cenário, o RS apresentaria uma leve redução favorecida pela recuperação da atividade nacional, mas limitada pelo quadro estadual. No cenário inferior não está descartada a possibilidade da queda na atividade brasileira se intensificar. Para isso, teríamos um agravamento da crise política e fiscal, bem como, a total paralisia do setor público. O desemprego pode surpreender negativamente e a confiança dos consumidores e dos empresários continuará em declínio. O contexto macroeconômico será o mesmo para o RS, com o agravante de que a queda disseminada entre os setores seria intensificada pela retração na atividade nacional. O presidente da Fiergs encerrou a apresentação com palavras de esperança: “Crises passam, empresas ficam. O empreendedorismo sempre vence em situações de crise”. “A esperança deve ser infinita.”

 

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Economia

Confira 20 temas polêmicos que aguardam deputados e senadores após o fim do recesso
Dilma reúne 15 governadores contrários ao impeachment
https://www.osul.com.br/fiergs-apresenta-balanco-economico-do-ano-e-perspectivas-para-2016/ Fiergs acredita que a recessão vai continuar em 2016 2015-12-08
Deixe seu comentário
Pode te interessar