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Por Redação O Sul | 16 de dezembro de 2017
Dois anos depois de ver o caos legal se instalar no futebol, a Fifa (entidade máxima do futebol mundial) decide romper com a CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Mas a iniciativa vai muito além de punir um cartola brasileiro, insignificante na estrutura de poder da entidade. A decisão de afastar Marco Polo del Nero faz parte de uma estratégia dos advogados em Zurique (Suíça) de demonstrar, de forma desesperada a procuradores americanos e patrocinadores, que a entidade de Infantino é vítima da corrupção. E não parte de um esquema criminoso.
Em apenas três anos, a Fifa gastou mais de US$ 60 milhões (R$ 197,4 milhões) em honorários de advogados para se defender e viu uma fuga importante de empresas parceiras, temerosas em ver seus nomes relacionados com uma entidade símbolo da corrupção.
Por dois anos, a Fifa não moveu uma só ofensiva contra Del Nero, mesmo com ele indiciado.
O presidente Infantino o visitou no Rio, ganhou do cartola uma camisa da seleção com seu nome, inaugurou uma placa, nomeou seus afilhados para comitê da Fifa e até liberou US$ 100 milhões (R$ 329 milhões) como parte do legado da Copa de 2014.
Questionado, no início de dezembro, sobre a situação do brasileiro, Infantino ainda pediu que a “tolerância” fosse adotada em relação aos acusados. Mas, nos bastidores da Fifa, uma decisão foi tomada por seus advogados. Ninguém seria protegido se evidências de corrupção viessem à tona.
Assim, quando os procuradores americanos inundaram a Corte de Nova York (EUA) com evidências da corrupção de Del Nero, foi a vez da equipe legal da entidade mandar um recado claro a Infantino: manter o brasileiro na “família do futebol” havia se tornado “insustentável”.
A cúpula da Fifa, então, passou a viver um dilema. De um lado, punir Del Nero significaria um golpe político contra um cartola que havia dado apoio a Infantino nas eleições. Mas mantê-lo no futebol brasileiro, diante das provas apresentadas nos EUA, deixaria escancarado às autoridades o fato de que o combate à corrupção não passava de discurso vazio. Venceu o sentido de sobrevivência da Fifa, mesmo que, para isso, antigos aliados fossem traídos.
Punição
A duração do banimento de Del Nero por 90 dias pode ser prorrogada por um período adicional não superior a 45 dias. A entidade anunciou a punição na última sexta-feira (15), por meio de um comunicado oficial.
De acordo com a entidade, a decisão foi tomada mediante a solicitação do presidente da Câmara de investigação do Comitê de Ética, que procedeu ao processo formal de investigação a Del Nero, que desrespeitou os artigos 83 par.1 e 84 do Código de Ética da Fifa.
Uma investigação sobre Del Nero foi reaberta pela Fifa após documentos e depoimentos serem revelados durante o julgamento de José Maria Marin, ex-presidente da CBF, nos Estados Unidos.
Antônio Carlos Nunes de Lima, o Coronel Nunes, assume interinamente o cargo de presidente da entidade.