Quinta-feira, 28 de março de 2024
Por Redação O Sul | 14 de agosto de 2017
A subprocuradora-geral da República Raquel Dodge, que assumirá o comando do Ministério Público Federal em setembro, convidou nessa segunda-feira os investigadores da Operação Lava-Jato que atuam na PGR (Procuradoria-Geral da República) a permanecerem nos cargos.
Segundo informou a assessoria do órgão, o convite foi feito durante uma reunião entre Dodge e o atual procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a primeira para discutir a transição.
Indicada para o cargo pelo presidente Michel Temer, Dodge tomará posse na PGR no próximo dia 18 de setembro. O grupo de trabalho da Lava-Jato na PGR é formado por 9 procuradores que atuam em investigações sobre autoridades com o chamado foro privilegiado – como parlamentares, ministros e governadores.
Transição
A reunião de transição reuniu equipes de Dodge e de Janot – foi o atual procurador-geral quem convocou o encontro. O objetivo é evitar interrupção das investigações e de outros processos que envolvem a PGR.
Em julho, o Conselho Superior do Ministério Público Federal aumentou a verba prevista para 2018 destinada à força-tarefa da Lava-Jato de Curitiba. O valor passou de R$ 522 mil para R$ 1,6 milhão, com o apoio de Dodge. Em 2017, foi disponibilizado R$ 1 milhão.
“O acréscimo apoia a atuação contra corrupção, de modo a fixar o valor solicitado pela força-tarefa. Passa uma mensagem clara que não fazemos redução e acolhe o que foi pretendido”, disse a subprocuradora na ocasião.
Escolhida por Temer
Dodge foi indicada por Temer para assumir o cargo de procuradora-geral da República. Seu nome foi aprovado pelo Senado. Ela foi a segunda colocada na lista tríplice em eleição realizada pela ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República). Caberá a Dodge comandar todo o trabalho da PGR, incluindo as investigações da Lava-Jato, que ainda estão sob o comando de Janot.
O presidente Temer foi denunciado por Janot por corrupção passiva, sob acusação de ser o beneficiário de uma mala de R$ 500 mil da JBS entregue a seu ex-assessor Rodrigo da Rocha Loures. A Câmara barrou o andamento da denúncia na semana passada. O peemedebista é alvo de mais duas investigações na PGR: uma por obstrução de Justiça e outra por organização criminosa.
Há expectativa de que ele seja denunciado até o fim do mandato de Janot. O escândalo da JBS tem como ponto central um encontro de Temer com Joesley Batista, delator e sócio da JBS, no dia 7 de março no Jaburu. A conversa ocorrida no fim da noite daquele dia não foi divulgada na agenda oficial do presidente. No dia 6 de março, Temer recebeu, também fora da agenda oficial, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes.