Sexta-feira, 19 de abril de 2024

Porto Alegre

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Cinema Gafe, abusos sexuais e o debate racial marcaram o cinema em 2017

Compartilhe esta notícia:

"Mulher-Maravilha", que entrega o feminismo em uma embalagem pop, foi o filme mais visto do gênero no ano. (Foto: Divulgação)

O ano que está chegando ao fim fulminou o homem branco no cinema. Isso não significa que Hollywood tenha deixado de ser comandada por sujeitos com essas características, mas o primado deles balançou muito em 2017. Nomes outrora poderosos nessa indústria, Harvey Weinstein, Kevin Spacey, Louis C.K. e outras dezenas sucumbiram sob o peso de denúncias de assédio sexual.

O primeiro deles, produtor que lapidou os talentos de Quentin Tarantino e Steven Soderbergh, era protegido por uma intrincada rede de silenciamento que abarcava gente do cinema, empresários e até jornalistas. Foi o que ajudou Weinstein a escamotear décadas de abusos cometidos contra pelo menos 84 mulheres (ao menos, esse é o número das que o acusam).

Num dos relatos mais pungentes, a atriz mexicana Salma Hayek afirma que foi forçada pelo produtor a fazer cenas de sexo lésbico com nu frontal em “Frida” (2002). “Minha mente entendia que eu tinha de fazer, mas meu corpo não parava de chorar e convulsionar”, escreveu em artigo no “The New York Times”.

A mais aguerrida das acusadoras, a atriz Rose McGowan apontou o dedo para Meryl Streep e a chamou de hipócrita por aderir ao ato contra o assédio que deve ocorrer no próximo Globo de Ouro. Na cerimônia, as mulheres cogitam ir todas vestidas de preto em protesto.

“Seu silêncio é o problema. Desprezo sua hipocrisia”, disse McGowan. A politizada Streep respondeu que não soube dos assédios quando trabalhou para Weinstein.

Oscar menos branco

O império dos homens brancos também foi sacudido em outras frentes. O filão dos filmes de super-herói, tradicional terreno de machões musculosos, foi encabeçado por uma moça neste ano.

“Mulher-Maravilha”, que entrega o feminismo em uma embalagem pop, foi o filme mais visto do gênero no ano.

Acabou dando brecha para virem mais filmes de super-herói protagonizados por minorias: Brie Larson fará a Capitã Marvel e Chadwick Boseman protagonizará “Pantera Negra”, sobre o poderoso príncipe de um reino africano.

Mesmo a Disney, mais conservadora, mais família, ensaiou seus primeiros passos e incluiu personagem gay em “A Bela e a Fera”, campeão de bilheteria nos Estados Unidos.

Também não foi um sujeito branco, mas negro, o responsável por recuperar o apreço nos filmes de terror. Com “Corra!”, grande surpresa do ano, o diretor Jordan Peele tirou o horror do limbo teen e alienado em que havia circulado nos últimos anos, e embutindo um tema urgente: a tensão racial.
Já o Oscar, que em 2016 teve uma de suas edições menos diversas, se corrigiu em 2017 e premiou intérpretes negros em categorias de atuação.

Simbólica, inclusive, a gafe que marcou a cerimônia e tirou o prêmio principal do romance branco e heterossexual “La La Land” e o deu a “Moonlight”, feito só com atores negros e sob temática gay.

No Brasil

A tônica racial também respingou no Brasil, país em que 98% dos cineastas são brancos, embora metade da população se declare negra ou parda, segundo uma pesquisa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. No Festival de Brasília, o drama sobre a escravidão “Vazante”, de Daniela Thomas, acabou questionado por espectadores negros.

A profusão de críticas é reflexo de uma produção que ficou mais politizada após o impeachment e os repetidos coros de “Fora, Temer” que pipocam desde o ano passado. Ao contrário do que se deu em outras áreas da cultura, no cinema nacional os boicotes vieram da esquerda.

A escalação de “O Jardim das Aflições”, sobre o pensador conservador Olavo de Carvalho, provocou debandada de diretores no festival Cine PE, em maio, no Recife. Na mesma cidade, em outubro, a exibição do filme na Universidade Federal de Pernambuco terminou em pancadaria.

 

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Cinema

Sônia Braga estará em nova série da Marvel e do Netflix
A indústria cinematográfica de Hollywood nunca mais será a mesma após a onda de denúncias de assédio sexual que derrubou alguns de seus nomes mais poderosos
https://www.osul.com.br/gafe-abusos-sexuais-e-o-debate-racial-marcaram-o-cinema-em-2017/ Gafe, abusos sexuais e o debate racial marcaram o cinema em 2017 2017-12-30
Deixe seu comentário
Pode te interessar