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(Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

A convicção era exposta nas palestras acadêmicas, nos encontros empresariais e progredia na visão pragmática dos políticos respeitáveis. Eram os que lideraram resistências heroicas contra o nazismo, o fascismo e mesmo contra o comunismo (Stalin era um “aliado” de quem se precisa muito mas de quem se desconfia muito mais).

O certo é que o pensamento indutor de figuras admiráveis como o alemão Adenauer, o italiano De Gasperi, o francês Jean Monnet desnudou o quadro de riscos pra lá de prováveis. A Europa, com aspiração democrática, que ainda sepultava os últimos de tantos que a Segunda Guerra matou; que tropeçava nas ruínas resultantes dos desvairados bombardeios com que a auto presunçosa espécie humana, paradoxalmente, deixa-nos duvidando de sua (nossa?) racionalidade, queria mudar.

O que a História revelava, examinando-se o panorama da civilizada Europa nos últimos tempos, era a sua incapacidade de viver em paz; às guerras, sucediam guerras.

No pós-guerra, de 1939 a 1945 celebraram os europeus os tratados do Carvão e do Aço, do Atomo, num procedimento de progressiva aproximação, lembrando que as parcerias os fariam sócios e não concorrentes agressivos. Prepararam o ambiente para que, em 1958, fosse firmado o minucioso e, ao mesmo tempo, objetivo Tratado de Roma, do qual foram partes Alemanha (então só a Ocidental), França, Itália, Bélgica, Holanda e Luxemburgo. Surgia a Europa dos seis. Nascia o Mercado Comum Europeu (MCE). Passa a viver-se um tempo de integração.

A Europa consorciada acreditou que descobrira a vacina antihecatombe, que já contribuiu – dizem os doentiamente céticos – ou já determinou – na crença sem ressalvas dos integracionistas – que se vencesse o século e se inaugurasse o novo milênio, sem guerra. Surgia Europa dos Seis, iniciante e temerosa pela precocidade de sua criação, hoje é a Europa dos 27 (vinte e sete). É a Europa do passaporte comum,  da cidadania comunitária, do Tratado de Segurança de Schengen, do qualificado Parlamento de Estrasburgo, do euro – que venceu  as previsões de mau augúrio dos derrotistas de plantão e se mantem a frente do dólar – das qualificadas instâncias administrativas sediadas em Bruxelas, alargando e regulando os espaços, que vão do futebol (Copa dos Campeões) à tentativa mais onerosa e avançada de descobrir uma versão definitiva e comprovada do nascimento do Universo (usando o misterioso túnel subterrâneo na Suíça, produzindo artificialmente ainda discutíveis réplicas (?) do Big Bang).

Essa a Integração que se alargou do MCE (zona de livre comercio parcial) para vários mandamentos da União Aduaneira). Com todas as crises da economia mundial, transformou-se, de estimuladora aberta de mercados, incorporando nacionalidades distintas e países diversos como, p.ex., a Eslovênia e Portugal, à saudável tarefa de criação e consolidação de uma (em fazendo) União Econômica. Nela, os parceiros assumem compromissos orçamentários; manejo cambial; diretrizes fiscais; políticas públicas de financiamentos com respeitada assimetria que aproxima os desiguais, na proporção em que desigualam, visando a estabelecer uma suportável aproximação da igualdade.

Essa a União Europeia que, apesar dos tropeços, jamais caiu. Soube, isso sim, apoiar – no limite do racional e do possível – seus associados (a Grécia é exemplo disso), com aportes significativos, inferiores aos desejados pelos gastadores, que se viram obrigados a apertar – e muito – o cinto da gastança.

A União Europeia que ganhou consistência no Tratado (década de 90) de Maastricht, uma espécie de apólice de segurança no quadro internacional, deu poucos passos – não havia clima – para chegar à meta final traçada: a União Política.

A notícia de saída de alguns que ameaçaram desligar-se e acabaram momentaneamente,  sem destino estratégico, foi um momento em que se fez lembrar o ensinamento de Leão XIII, na Mater et Magistra: “infeliz do homem só porque, na caminhada da vida, se tropeçar, não haverá quem, solidário, lhe dê a mão para evitar a queda”. Raciocínio Papal aplica-se ao indivíduo solitário mas também ao grupo de indivíduos quando reunidos  e misantrópicos reagem à ideia de parcerias  integradas.

Na História da retirada, só a Inglaterra decidiu sair, após ter o resultado de um plebiscito em que 51 a 49 de votos favoráveis fez vencer a ruptura. Os que se omitiram no plebiscito oficial, uma boa parte já paga o preço do arrependimento. A eles se dirá, como se diz que teria dito a Rainha  Isabel ao rei Fernando, chorava pela perda de Granada para os árabes: “não adianta chorares agora, como um fraco, pelo que não soubeste defender como um forte. Talvez um anacronismo mas que vale, mesmo com o passar do tempo, ante o dinamismo da História.

cagc@gmail.com

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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