Sábado, 20 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 19 de outubro de 2018
Gisele Bündchen abriu o coração na autobiografia “Aprendizados: Minha Caminhada Para Uma Vida Com Mais Significado”, publicada neste mês. A modelo revela, em mais de duzentas páginas, um lado da vida para além do sucesso.
Quem a vê desfilando nas passarelas e estampando o lindo rosto pelo mundo não imagina que Gisele passou por maus bocados. Quando era pequena, na escola, ela sofreu com o bullying em relação a aparência.
“A menina de cabelo ruivo, o menino com sardas e, no meu caso, a magricela alta e desengonçada. Eles deveriam estar infelizes ou insatisfeitos com sua própria vida. Poderiam também estar projetando sua mágoa e seu sofrimento em mim para se sentirem menos sozinhos com a própria dor”, analisa Gisele.
O trauma de infância trouxe consequências para a vida adulta. No início de carreira, a modelo se sentia “desajeitada”. A cobrança excessiva da indústria da moda a fez com que tivesse crises de pânico, sinais de depressão e pensamentos suicidas.
Entre os arrependimentos, a modelo confessa que, ao fazer cirurgia para implante de silicone nos seios, ficou frustrada.
“Quando a cirurgia acabou, não conseguia mais reconhecer meu corpo. Não ficou como eu imaginava. Fiquei com raiva e deprimida. Eu tinha feito alguma coisa por mim, mas basicamente para tentar agradar os outros”, avalia.
Como um mecanismo de defesa, Gisele Bündchen criou uma maneira especial de lidar com o estresse e a pressão:
“Aos 18 anos, numa tentativa de me proteger e evitar sofrer ou me sentir como um objeto, criei um escudo ao redor de mim mesma. O meu privado era Gisele, mas a modelo Gisele era ‘ela’. Uma personagem que criei para expressar a fantasia de um estilista”.
No perfil dela no Instagram em setembro, a modelo comemorou a chegada do primeiro exemplar do livro.
“Acabei de receber a cópia do ‘Lessons!’ Não acredito que meu livro já vai ser lançado em outubro! Foi uma caminhada incrível e estou muito feliz por poder compartilhá-lo. Espero que gostem!”, escreveu na legenda da foto.
Pensamentos suicidas
Recentemente, a modelo de 38 anos abriu o jogo e revelou que já pensou até em suicídio. “As coisas podem parecer perfeitas do lado de fora, mas ninguém tem ideia do que realmente acontece”, desabafa a modelo no seu livro de memória, segundo a revista People.
Enfrentando dificuldades para ingressar no mundo da moda, Gisele se lembra que recebeu duras críticas no início da carreira. “Me diziam que meu nariz era muito grande e meus olhos muito pequenos e que eu nunca estaria na capa de uma revista”, relembra.
Mas, em 1997, a história mudou quando Gisele desfilou de topless para Alexander McQueen e foi parar na sua primeira capa da Vogue. Em 2000, a modelo assinou um contrato de 25 milhões de dólares com a Victoria’s Secret e começou a namorar o astro Leonardo DiCaprio. Tantas conquistas em pouco tempo a deixaram ansiosa demais.
Gisele contou que teve sua primeira crise de pânico durante um voo em 2003 e, depois disso, desenvolveu uma síndrome que a deixava assustada em túneis, elevadores e outros espaços fechados. “Eu estou numa ótima posição na minha carreira e sempre me achei muito positiva, então pensava ‘Por que estou me sentindo assim?”, diz. “Me senti desamparada. Seu mundo parece menor e menor e você não consegue respirar”, revela.
Convivendo com a crise do pânico, a modelo chegou a contemplar a ideia de tirar sua própria vida. “Eu realmente tive o desejo de só pular de um prédio e nunca mais ter que me preocupar com esses sentimentos”, relembra. A modelo, então, procurou um especialista que lhe prescreveu Xanax, um antidepressivo e ansiolítico, mas se recusou a usá-lo. “A ideia de depender de um medicamento me apavorou. E se eu perder o remédio? Vou morrer?”, se pergunta.
Gisele decidiu, então, fazer uma mudança total em seu estilo de vida. “Eu fumava, bebia vinho e tomava café todos os dias. Parei com tudo do dia para a noite”, conta. A top ainda abandonou o açúcar e buscou yoga e meditação para aliviar o estresse.
E, em 2005, decidiu terminar o relacionamento com DiCaprio. “Todos que cruzam nosso caminho são nossos professores. Eles aparecem em nossa vida para nos mostrar algo. E com ele foi assim. Eu o honro por isso”, conta.