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Por Redação O Sul | 15 de agosto de 2017
O governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD), é alvo de uma operação da PF (Polícia Federal), deflagrada nesta terça-feira (15), que investiga a prática dos crimes de organização criminosa e obstrução de Justiça por parte dele e de servidores do governo potiguar.
Segundo a PF, a investigação mira “manobras ilegais” para impedir investigações sobre desvio de recursos públicos por meio da inclusão de funcionários fantasmas na folha de pagamento da Assembleia Legislativa do Estado desde 2006.
A operação, batizada de Anteros, cumpriu 11 mandados judiciais, expedidos pelo Superior Tribunal de Justiça, sendo dois de prisão e nove de busca e apreensão. Agentes da PF foram ao edifício onde mora o governador, no bairro de Areia Preta, na Zona Leste de Natal, no início da manhã. A determinação para o início das investigações foi dada pelo ministro Raul Araújo Filho, da Corte Especial do STJ (Superior Tribunal de Justiça). O caso está sob sigilo, segundo a PF.
Foram presos (mandados de prisão temporária de cinco dias) Magaly Cristina da Silva e Adelson Freitas dos Reis, assistentes de confiança do governador. A primeira foi servidora na Assembleia Legislativa desde 1987, a convite de Robinson quando ele ainda era deputado estadual. Antes, Magaly trabalhava como secretária na empresa da família do governador.
Faria foi eleito governador em 2014. Antes, ele desempenhou a função de deputado estadual durante 24 anos, tendo ocupado a presidência da Assembleia Legislativa entre 2003 e 2010.
Sensação de insegurança
Na semana passada o governador do RN se envolveu em uma polêmica com a imprensa. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado emitiu uma nota reprovando a declaração de Robinson Faria sobre a responsabilidade da imprensa pela sensação de insegurança dos potiguares.
Em entrevista a uma rádio, o governador afirmou que grande parte da sensação de insegurança da população acontecia por causa do “sensacionalismo” da imprensa local. “A mídia gosta dessas notícias. Por isso há uma sensação de insegurança muito grande”, afirmou o governador.
Na nota, o sindicato afirmou que a declaração desrespeita toda a classe, “além de querer mascarar uma realidade vista nas ruas do Estado e confirmada através de dados de pesquisas e instituições”.
“Em um Estado onde o número de assassinatos já se aproxima dos 1.500 só em 2017 e que facções impõem medo em diversas partes do Estado, não cabe à imprensa resolver este problema”, diz a nota. “À imprensa cabe noticiar os fatos e não omitir informações e dados públicos à sociedade”, acrescenta a nota.
O sindicato ainda lembrou que o tio da primeira-dama Julianne Faria, um médico com 87 anos, foi baleado em um assalto a farmácia poucas horas após a declaração do governador.