Quinta-feira, 25 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 27 de julho de 2015
A disputa entre grupos contra e a favor do direito ao aborto nos Estados Unidos subiu de tom com a divulgação de dois vídeos controvertidos nos últimos dias. A partir das imagens, representantes da organização Planned Parenthood (algo como “paternidade planejada”, que presta assistência à saúde de mulheres, faz campanhas educativas e distribui anticoncepcionais) estão sendo acusadas por ativistas antiaborto de vender partes de fetos para pesquisa com a intenção de lucrar.
Em um dos vídeos, a diretora de serviços médicos da Planned Parenthood, Deborah Nucatola, aparece durante um almoço discutindo em detalhes como podem ser recolhidas para pesquisa partes de fetos abortados. Em outro, a diretora de uma clínica da organização na Califórnia, Mary Gatter, fala em preços com um ativista que finge ser um interessado.
Ambos os vídeos foram editados – o segundo, de 162 para nove minutos – e produzidos com câmeras ocultas pelo Centro para o Progresso Médico, organização pouco conhecida antes do episódio. Após sua divulgação, três comissões do Congresso e políticos de vários Estados anunciaram que abrirão investigações para apurar a veracidade das alegações.
Uma lei federal dos EUA proíbe a comercialização de tecidos fetais. Mas permite doação sem fins lucrativos para pesquisa se houver consentimento das mulheres.
Nos vídeos, representantes da Planned Parenthood discutem valores entre 30 dólares e 100 dólares por espécime. Em resposta oficial, a organização afirma que se trata de custos de armazenamento e transporte, o que não seria ilegal.
Eric Ferrero, porta-voz da instituição, negou as acusações de comercialização de fetos. Ele disse que os vídeos foram produzidos por “um grupo de extremistas que intimidou mulheres e médicos durante anos em sua campanha para banir o aborto”.
Imagens orquestradas
Em carta à Comissão de Energia e Comércio da Câmara, a Planned Parenthood declarou que as imagens foram orquestradas pelo ativista antiaborto David Daleiden e que ele teria milhares de horas de filmagem feitas desde 2007 com câmeras ocultas. Daleiden, por sua vez, afirmou que o desmentido da organização é “uma mentira desesperada”. (Marcelo Ninio/Folhapress)