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Por Redação O Sul | 6 de maio de 2018
O ministro das Finanças francês intensificou neste domingo a pressão sobre gerentes da Air France e sindicatos para que resolvam o impasse sobre salários, dizendo que o governo não ajudará no resgate da empresa aérea, no momento em que ela enfrenta greves de trabalhadores e um vácuo na liderança.
A crise no braço francês da Air France-KLM se intensificou na sexta-feira, quando os funcionários rejeitaram um acordo de pagamento, que levou o presidente-executivo do grupo a renunciar e levantou dúvidas sobre a capacidade da companhia de cortar custos e fazer rearranjos financeiros internos.
O ministro das Finanças, Bruno Le Maire, pediu que a companhia e os trabalhadores retomem as negociações, e fez um aviso contundente a respeito do futuro da empresa ao advertir que o Estado, com seus 14 por cento de ações da Air France-KLM, não vai salvar a empresa e assumir os prejuízos.
“Se a Air France não se esforçar para tornar-se mais competitiva, e assim atingir o mesmo nível da Lufthansa e de outras companhias aéreas, a Air France desaparecerá”, disse Le Maire à emissora de TV BFM.
“Somos acionistas minoritários… aqueles que acham que, aconteça o que acontecer, o Estado vai vir ao resgate da Air France e absorver suas perdas estão enganados”, afirmou Le Maire.
O CEO da Air France-KLM, Jean-Marc Janaillac, que permanecerá no cargo até 15 de maio, vem sofrendo para cortar custos e acompanhar a concorrência das companhias aéreas de baixo custo e do Oriente Médio.
A Air France-KLM, que divulgou um aumento do prejuízo no primeiro trimestre, mesmo com o aumento dos lucros da KLM, diminuiu suas expectativas de crescimento para 2018 após as greves no braço francês.
As greves já custaram à empresa 300 milhões de euros e as paralisações de pilotos, funcionários de pista e outros trabalhadores devem ser retomadas nos dias 7 e 8 de maio. Cerca de 85 por cento dos voos devem acontecer normalmente na segunda-feira.
Demissão
O presidente da companhia aérea Air France-KLM, Jean-Marc Janaillac, anunciou na sexta-feira que vai deixar o cargo nos próximos dias, depois de os funcionários terem rejeitado uma proposta de aumento salarial para tentar encerrar a greve que afeta a empresa desde fevereiro.
Segundo a companhia, 55,4% dos empregados da Air France votaram contra a oferta, que estabelecia um acréscimo de 7% nos salários em quatro anos. O aumento seria gradual: 2% viriam em 2018, e 5% suplementares seriam adicionados progressivamente nos três anos seguintes.
Os sindicatos, por sua vez, reivindicam um aumento de 5,1% já neste ano, a fim de compensar os efeitos da inflação após um congelamento dos salários desde 2012.
O resultado da votação – que, para Janaillac, demonstra “desconforto” – foi anunciado na sexta-feira. A participação entre os 52 mil funcionários foi elevada: 80,33%.
“Como prometido, assumo as consequências da votação e apresentarei a minha renúncia nos próximos dias”, disse o presidente da companhia, em coletiva de imprensa. “Espero que a minha saída permita que a empresa comece a criar condições para uma recuperação.”
Para Janaillac, que assumiu a presidência da Air France-KLM em julho de 2016, a onda de greves neste ano comprometeu o futuro da empresa. “É uma vergonha imensa, que apenas alegra nossos concorrentes, enfraquece nossas alianças e desorienta nossas equipes.”