Quarta-feira, 24 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 9 de julho de 2016
O governo interino de Michel Temer pretende fechar no início deste segundo semestre o primeiro acordo de leniência da União na Operação Lava-Jato, com as agências de publicidade FCB e Mullen Lowe Brasil, antiga Borghi Lowe.
As empresas são acusadas no rastro da Operação Lava-Jato de pagarem propina para conseguir contratos na Petrobras, Caixa Econômica Federal e no Ministério da Saúde.
O acordo foi autorizado pelo Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle e aguarda agora a chancela da AGU (Advocacia-Geral da União). A indenização foi calculada em R$ 50 milhões e foi estimada em cima do faturamento nos últimos cinco anos em contratos assinados pelas empresas que envolveram irregularidades.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo apurou, a Borghi Lowe revelou ao governo federal que recebia informações privilegiadas da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República sobre as licitações de publicidade, como da Caixa Econômica Federal e do Ministério da Saúde. Com isso, conseguia mais tempo do que as suas principais concorrentes para preparar as propostas.
O acordo inclui ainda informações sobre a participação do ex-deputado federal André Vargas (ex-PT-PR) nas irregularidades em contratos de publicidade. Em setembro, o juiz federal Sérgio Moro condenou o ex-petista a 12 anos de reclusão em regime inicialmente fechado por envolvimento no esquema.
As empresas já haviam fechado acordo de leniência com o Ministério Público Federal para não responderem a ações na esfera civil. Com a nova iniciativa, elas evitam também que sejam declaradas inidôneas e, assim, podem seguir contratando com o setor público.
Além das duas agências, o governo interino também avalia fechar em breve acordo de leniência com a empresa holandesa SBM Offshore, ligada a esquema de desvios da Petrobras. O valor final de devolução de recursos pela empresa ficou em R$ 1,2 bilhão. No final de junho, o presidente interino formou um grupo de trabalho para discussão de um novo marco legal para os acordos de leniência.
O Palácio do Planalto já definiu que ele será enviado ao Congresso Nacional por meio de um projeto de lei e que incluirá regra que permite o controle prévio do TCU (Tribunal de Contas da União) e do Ministério Público. (Folhapress)