Quinta-feira, 18 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 4 de janeiro de 2019
O grupo de Lima anunciou nesta sexta-feira (4), na capital peruana, que não reconhecerá o governo venezuelano se o presidente Nicolás Maduro assumir um novo mandato em 10 de janeiro, por considerar que se trata do resultado de eleições ilegítimas. A decisão não foi unânime, uma vez que o México, agora sob o governo de esquerda de Andrés Manuel López Obrador, se recusou a assinar a declaração.
“Esta declaração tem uma mensagem política contundente: a principal mensagem é, sem dúvida, o não reconhecimento da legitimidade do novo período do regime venezuelano”, disse o chanceler peruano, Néstor Popolizio, ao ler os aspectos de maior destaque da declaração do Grupo, que se reuniu com a inédita participação dos Estados Unidos para definir ações contra o governo Maduro.
Ainda segundo o chanceler, o Grupo pediu que Maduro não assuma o mandato e transfira o poder para a Assembleia Nacional até a realização de eleições livres. “Urge-se a Nicolás Maduro que não assuma a Presidência, que respeite as atribuições da Assembleia e transfira provisoriamente o poder até que se realizem eleições livres”, disse o chanceler.
Grupo de Lima
O Grupo de Lima foi criado em 2017 por iniciativa do governo peruano com o objetivo de pressionar para o restabelecimento da democracia na Venezuela. Além do Brasil e do Peru, mais 11 países integram o grupo – Argentina, Canadá, Colômbia, Costa Rica, Chile, Guatemala, Guiana, Honduras, México, Panamá e Paraguai.
Projetos inviáveis
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse em entrevista divulgada na terça-feira (1º) que os projetos políticos de Jair Bolsonaro, presidente eleito no Brasil, Iván Duque, presidente da Colômbia, e Mauricio Macri, presidente da Argentina, são inviáveis na região latino-americana e terminarão provocando uma nova onda de governos de esquerda, de acordo com a agência EFE.
“Os projetos neoliberais de direita na América Latina e no Caribe são inviáveis, e eles vão provocar o ressurgimento de uma nova onda de transformações populares”, disse Maduro, em material divulgado pela emissora pública VTV.
O presidente venezuelano afirmou que Duque “passou dos 80% de apoio para 80% de repúdio” e que o povo colombiano está “nas ruas pedindo que ele deixe” a presidência.
“Jair Bolsonaro – que assumiu o mandato nesta terça – vai seguir o mesmo caminho, (e) Macri na Argentina é um homem que não pode sair na esquina”, acrescentou.
Ele também observou que a América Latina é “um território em disputa” entre as forças políticas da direita e da esquerda e que a região está passando por “um processo de regressão” que, em sua visão, levará a novos governos revolucionários.
Recentemente, o presidente da Venezuela afirmou que o país “não vai ter um Bolsonaro”, em referência ao presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro. Em discurso no último mês de dezembro, o venezuelano disse que o chavismo vai continuar “por muito tempo”.
Além disso, Maduro voltou a atacar o vice-presidente eleito do Brasil, General Mourão, a quem chamou de “louco da cabeça” e “presidente paralelo”.
Maduro inicia em 10 de janeiro um segundo mandato, de seis anos, após ser reeleito em outubro em votação boicotada por opositores e denunciada por Estados Unidos, União Europeia e vários países da América Latina.