Quinta-feira, 25 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 24 de abril de 2017
Os motociclistas chegaram em um bando grande, com as motos rugindo, de casacos vermelhos e roupas escuras, alguns deles com os rostos cobertos, acelerando seus motores diante de mil manifestantes em Caracas, na Venezuela. Jogaram bombas de gás lacrimogêneo para dispersar a multidão. E então, segundo testemunhas, sacaram armas e dispararam.
Carlos Moreno, 17 anos, caiu ao chão, e uma poça de sangue se formou em volta de sua cabeça. “A massa encefálica dele estava saindo”, recordou o líder comunitário Carlos Julio Rojas, que testemunhou o incidente fatal na capital venezuelana na quartafeira.
Os homens uniformizados que atiraram em Moreno não eram membros das forças de segurança do governo, disseram testemunhas. Faziam parte dos bandos armados que assumiram um papel chave de implementadores das políticas do presidente Nicolás Maduro, em seu esforço para reprimir um movimento crescente de protesto contra seu governo.
Conhecidos como coletivos, os grupos surgiram como organizações comunitárias pró-governo, algo que há muito tempo faz parte da paisagem da política venezuelana de esquerda. Civis que passaram por treinamento policial, os membros dos coletivos são armados pelo governo, dizem especialistas que os estudaram.
Os coletivos controlam áreas extensas de território na Venezuela. São financiados em alguns casos por extorsão, venda de gêneros alimentícios no mercado negro e partes do narcotráfico. Em troca de sua lealdade, o governo ignora suas atividades irregulares.
Agora os coletivos parecem estar exercendo um papel chave na repressão da dissensão. Centenas de milhares de manifestantes foram às ruas de Caracas e outras cidades para reivindicar a realização de eleições na Venezuela. (Patricia Torres e Nicholas Casey/The New York Times)