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Colunistas Guantánamo pode virar Casa Branca?

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Trump, assumidamente, tem uma política externa que é interna. (Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Trump é claramente um empresário de espaço internacional e um político de inequívoca vivencia e amplitude nacional. Menos que isso: suas manifestações, as vezes surpreendentes, tem na sua motivação, encoberta, um propósito de exaltar a “sua “ América.

Não cansa de, com voz rouquenha, repetir o mantra: “America first”, ou seja, a América – que confunde propositadamente, com mera parte dela, isto é, os Estados Unidos – em primeiro lugar. É uma postura que, por honestidade de memória, temos de reconhecer que foram – não importa, de momento, se concordamos ou divergimos frontalmente de suas crenças e/ou compromissos ideológicos – repetidos, desde o primeiro “Caucus” em IOWA até a exaustão em Bruxelas na reunião com os nem tão sólidos mas tradicionais parceiros – a maioria dos maiores pelo menos – desde os tempos da Guerra Fria e da hoje enferrujada Cortina de Ferro.

Ocorre que ao dizer, no conclave, que os Estados Unidos são explorados pelos seus “parceiros”, isto é, que, de fato, os europeus (particularmente os associados sob a bandeira da União Europeia e, mais ainda, como sócios da estrutura integradora, em matéria de defesa, a OTAN) cobram uma espécie de pedágio pela presumida solidariedade com os Estados Unidos, fez uma tempestade de espuma.

E diz mais: que os Estados Unidos são poderosos e não precisam dessa mercantil solidariedade, não muito testada, até hoje, de uma Europa que, na “diplomacia da bofetada”, do Presidente norte-americano, é vendida por um preço muito alto para poder ser apresentada como sócio institucional jamais discrepante.

Trump falou em Bruxelas, especialmente para ser ouvido no interior do Texas e nos arredores fabris de Detroit ou de Chicago. Foi para o norte-americano padrão – o da convivência comunitária, o do envolvimento nos temas e eventos da paróquia, o que sempre acreditou que o mundo que interessava começava e terminava nos limites do horizonte visível, alcançado desde o posto de observação do típico bairro próximo – distante da cidadezinha onde nasceu e onde possivelmente vai morrer.

Esse é para quem Trump sempre falou e sempre tentou agradar. É aquele que não se preocupa muito – para não dizer muito pouco – com o que está acontecendo na Síria ou no Laos: aquele que se pergunta, critico, por que mandar tantos jovens – e vários já morreram – para o inferno que é o Afeganistão (afinal, onde é que fica?). Será – se interroga – que temos de arriscar a vida de nossos moços e gastar a poupança de nossos velhos para nos meter numa guerra que, de verdade, os de um lado e de outro, todos são contra nós? Ou, pelo menos, ninguém morre de amores por nós.

Com essa convicção de “sermos os mais fortes, sermos os mais ricos, sermos os mais autossuficientes”, por que temos de arriscar-nos para fazer o papel – um tanto vexatório – de gendarmes universais para protegermos – não se sabe bem de quem – aqueles que podem não ser nossos inimigos declarados, mas também nunca, espontaneamente, se declararam nossos parceiros, sem hesitação?

Trump, assumidamente, tem uma política externa que é interna. Não é destinada ao cosmopolita cidadão de Nova York e muito menos a sofisticada imprensa tipo Washington Post, nem aos requintados acadêmicos de Harvard. Ele fala para ser entendido e aplaudido pelos muitos que falam pouco mas, silentes, votaram – e são numerosos por isso o elegeram. E são os que, hoje, dão significativos números nas pesquisas que não coincidem com a opinião publicada das metrópoles.

A fala presidencial, baseada num nacionalismo – “primeiro, nós” – populista, resgatando, de certa maneira, a diplomacia (de mais de 150 anos passados) do Presidente Monroe – “América para os americanos” – vive e cresce nos “grotões provincianos”, onde soa, como música afinada, também dessa estranha sinfonia: a inesperada, agressiva e perfeitamente explicável (quando nos apercebemos que ela também faz parte dos arroubos nacionalistas “trumpianos”) guerra comercial com a China. Impondo aos seus (da China) produtos sobretaxas para faze-los mais caros no mercado norte-americano e, assim, numa visão imediatista e provavelmente de difícil sustentação, “protegendo” o produto nacional (claro que, imediatamente, os chineses aplicaram tributação similares aos produtos norte-americanos que tem – ou tinham – mercado na China).

Há quem diga que Trump é a “vanguarda do atraso”.

O que se fez indiscutível é o aparente (?) paradoxo criado – ou, pelo menos, hierarquizado do agora – e que há dez ou quinze anos seria impensável: a China comunista com uma política econômica bastante aberta e de convívio “bem amigável” com a globalização e os Estados Unidos, de fronteiras fechadas, com barreiras ao comércio internacional, avessos à globalização da qual foram protagonistas e defensores.

Como diriam os romanos: “o tempora; o mores”.

Quem sabe, simplesmente seja o momento de reconhecer que essa “inovadora” politica (a província, antes e acima de tudo) do Presidente Trump, talvez seja, em tempos de robótica, de inteligência emocional, um contra ponto desejável por aqueles que não estão – e talvez não estarão – no presente – futuro de hoje em diante. Mesmo analisando, sem “part pris”, faz-se difícil atribuir ao “trumpiarismo” uma classificação oportuna. Somos muito mais tentados de entende-la como “oportunismo”. Particularmente, um surpreendente e paradoxal oportunismo eleitoral de ontem e já influenciando o amanhã, na aspiração obvia de seu criador de reeleger-se.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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