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Geral Há 500 anos, começava viagem que provou que Terra é redonda

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Expedição de Fernão de Magalhães foi castigada por fome e mortes, mas deu a primeira volta ao mundo. (Foto: Reprodução)

Há 500 anos o português Fernão de Magalhães iniciava expedição marítima castigada por tempestades, rebeliões, fome e mortes, mas que realizou a façanha de dar a primeira volta ao mundo.

Em setembro de 1522, chegava ao porto espanhol de Sanlúcar de Barrameda (próximo a Sevilha, no Sul da Espanha) uma estranha embarcação com o casco perfurado. Os 18 homens que compunham a tripulação vinham muito magros, com barbas e cabelos longos. Na pele queimada de sol traziam feridas mal curadas.

Para alguns, a saga iniciada pelo português Fernão de Magalhães é comparável à chegada do homem à Lua. Para outros, trata-se de façanha ainda maior, por ser a primeira viagem que efetivamente descobriu o planeta Terra.
“Há um paralelismo feliz desta viagem com a ida à Lua. Os astronautas nos anos 1960, antes mesmo de chegarem à Lua, sempre falavam de Magalhães, Vasco da Gama e Colombo como pessoas inspiradoras, homens que fizeram algo, em certos aspectos, mais difícil do que eles estavam fazendo”, explica o historiador português João Paulo Azevedo de Oliveira e Costa.

De fato, em 1970, quando a Apollo 13 sofreu um grave acidente no espaço, só conseguiu retornar à superfície da Terra com ajuda remota dos engenheiros nos EUA. “Isso não existia para os navegadores. Não havia comunicação com Lisboa ou Sevilha, e os riscos eram maiores”.

Nascido em uma família fidalga portuguesa, Magalhães cresceu tendo como heróis os navegadores que voltavam das Índias carregados de tesouro e glória. Logo que teve idade para subir a bordo, começou a viajar. Passou pela África e pelas Índias.

Aos 34 anos, sentia-se preparado para organizar sua própria expedição, mas seu pedido foi rechaçado pelo rei português. Pesava contra ele o temperamento insolente e a acusação de que havia cometido desvio de bens enquanto trabalhou no Marrocos em nome da Coroa.

O feito de 500 anos até hoje inspira o explorador Amyr Klink. “Ele acabou descobrindo a passagem mais difícil de todas. O estreito de Magalhães é um labirinto. Eu já naveguei nesses lugares e vou de carro para lá todo ano. E a vida lá é um inferno. Mesmo com um veleiro equipado como o nosso, é uma navegação super dura. O canal é largo, o vento levanta ondas curtas. É absolutamente extraordinário o que eles fizeram.”

Ao avistarem o novo oceano, marujos rezaram em agradecimento. E por tê-los recebido com mares tão calmos, foi batizado de Pacífico.

Após três meses no meio do deserto azul do Pacífico, Magalhães encontrou ilhas grandes, onde resolveu desembarcar em busca de repouso. Naquelas ilhas, atuais Filipinas, um dos escravos do português percebeu que os habitantes locais falavam sua língua materna. Ele havia nascido na Malásia antes de ser levado para a Europa. Por isso, alguns historiadores defendem que esse escravo seria o primeiro homem a dar a volta ao mundo e que agora retornava a sua região natal.

Com a chegada às Filipinas, o ânimo de Magalhães declinou. Talvez por ter percebido que a viagem fora mais desgastante do que o razoável para uma rota comercial ou porque se deu conta de que as ilhas Molucas, na verdade, não estavam do lado espanhol do mundo, ficou abatido.

“Magalhães estava preso na teia que ele próprio havia criado. Não tinha como voltar atrás. É provável que ele tenha tido a consciência de que a viagem era, no fundo, um fracasso. Ele começa a buscar uma agenda pessoal qualquer que o permita ter uma sobrevivência ali”, analisa o historiador Paulo Azevedo de Oliveira e Costa. “Ele no fundo sabe que está num beco sem saída, sem poder voltar a Portugal e à Espanha.”

O português, então, começou a entrar em conflitos com reis locais. Meteu-se em desavenças alheias. Com uns criou inimizades, a outros prometia apoio militar.

Após a morte de Magalhães, oficiais da frota disputaram o comando da viagem, que caiu nas mãos de um navegador espanhol, secundário até este ponto da história: Juan Sebastián Elcano. Ele era um dos que haviam se rebelado contra Magalhães ainda na América.

Coube a Elcano chegar às ilhas Molucas e negociar a compra das especiarias que enchiam as três naus. Os marinheiros tiveram, porém, que deixar para trás grande parte do produto comprado, já que duas das embarcações tinham infiltrações e não aguentariam a viagem de retorno.

Três anos após deixarem a Espanha, os 18 homens retornavam ávidos por velas para poderem agradecer aos céus a graça de terem sobrevivido à viagem que deu a primeira volta ao mundo.

“Naquela época a Terra era redonda. E eles comprovaram isso”, brinca Amyr Klink diante de teorias cada vez mais disseminadas de que a Terra é plana. “Eu lamento desapontar os crentes dessa teoria, mas eu fui lá e vi. Adoraria sentar na beira da Terra, balançar as perninhas e dar tchau para o Universo. Mas não dá, a terra é redonda”.

Quinhentos anos depois do feito da primeira viagem ao redor do mundo, Espanha e Portugal travam uma discreta disputa pelo legado da expedição. Portugueses exaltam o gênio e a tradição marítima lusitana representada por Magalhães, o homem por trás do projeto e que iniciou a expedição (ainda que algumas gerações lusitanas o tenham visto como traidor).

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https://www.osul.com.br/ha-500-anos-comecava-a-viagem-que-provou-que-a-terra-e-redonda/ Há 500 anos, começava viagem que provou que Terra é redonda 2019-09-17
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