Quinta-feira, 25 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 19 de junho de 2019
O hacker que invadiu o aparelho celular do ex-juiz e ministro da Justiça e Segurança, Sérgio Moro, se passou por ele no aplicativo Telegram e conversou com seus contatos, de acordo com provas obtidas pela PF (Polícia Federal) no inquérito que apura a onda de invasões contra Moro e autoridades ligadas direta e indiretamente à Operação Lava-Jato.
O caso ocorreu no dia 4 de junho, quando Moro tornou pública a informação de que tinha sido alvo de um ataque hacker. Às 21h17min daquele dia, um funcionário de Moro no Ministério da Justiça recebeu uma mensagem do telefone do ministro com o link de uma reportagem publicada no site do ministério. “Boa noite. O que achou dessa matéria?”, perguntou o hacker ao funcionário, que respondeu: “Vou ler”.
O hacker também conversou brevemente com um jornalista da Gazeta do Povo, que abordou a falsa conta do ministro ao receber uma notificação de que Moro havia instalado o Telegram em seu aparelho. O ministro já afirmou que deixou de usar o Telegram em 2017, tendo apagado sua conta naquela ocasião. Por isso, afirma sua assessoria, não havia dados possíveis de serem copiados pelo hacker durante a invasão. A Polícia Federal abriu inquérito para investigar as invasões e tentar rastrear o hacker responsável pela iniciativa. A apuração ainda está em andamento.
Nomes
Após ser anunciado como um dos principais nomes do novo governo, o ex-juiz acumulou derrotas em menos de seis meses mandato. Sob desgaste devido à divulgação de mensagens do período da Lava-Jato, ainda teve que aguardar a cautela de Bolsonaro em defendê-lo abertamente.
O presidente chegou a manter silêncio por três dias e, no último sábado (15), embora tenha defendido o legado de Moro, afirmou que não existe confiança 100%. “Meu pai dizia para mim: Confie 100% só em mim e minha mãe”, disse Bolsonaro.
Filho mais velho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) afirmou na audiência desta quarta-feira que o governo “nunca cogitou” tirar Moro do cargo. “Isso só passa na cabeça de quem não tem nada na cabeça”, disse.
Na audiência na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) nesta quarta-feira (19), Moro citou como exemplo de apoio do presidente uma medalha concedida a ele na semana passada e um convite para ir a um jogo do Flamengo, em Brasília. Sobre a declaração de Bolsonaro de que não há confiança 100%, Moro disse que esta é uma forma normal de se expressar. “Não vejo nada problemático neste tipo de afirmação”, disse Moro.